São Paulo, quinta-feira, 8 de setembro de 1994
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Dois policiais são mortos em Vigário Geral

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Dois policiais civis foram mortos a tiros, anteontem à noite, em frente ao principal acesso da favela de Vigário Geral (zona norte do Rio).
Parentes e policiais creditam o duplo homicídio a traficantes. Eles disseram que membros da quadrilha de Flávio da Silva, o Flávio Negrão, costumam parar carros no local onde os policiais foram assassinados.
"Aquilo ali é um local superperigoso. Um bando costuma parar carros para assaltar. Quando eles identificam um policial, não tem jeito, matam mesmo", disse o delegado Renato Soares, titular da 39ª Delegacia de Polícia (DP), na Pavuna (zona norte).
Os detetives Júlio César Santos, 37, e Paulo César Queiróz Lima, 47, receberam dezenas de tiros de escopeta calibre 12 e fuzis AR-15 e 762. Eles foram mortos dentro do carro. Nenhum dos dois estava trabalhando.
O crime ocorreu às 20h30, na rua Bulhões Marcial, junto à passarela sobre a ferrovia que liga a favela ao bairro de Vigário Geral.
Há um ano, na mesma favela, o assassinato de quatro policiais militares originou um dos maiores massacres já ocorridos na cidade. Vinte e um moradores foram mortos para vingar o assassinato dos PMs (leia texto ao lado).
Responsável pelo inquérito, o delegado-adjunto Edgar Rumani, da 39ª DP, apresentou uma versão diferente. Ele disse que os policiais foram perseguidos por traficantes após sairem de um bar onde bebiam.
Rumani afirmou que, segundo testemunhas, os traficantes, em um carro não-identificado, fecharam o Fiat dos policiais, que bateu em uma árvore.
Os parentes das vítimas também culparam os traficantes, mas repudiaram a versão de que os detetives bebiam em um botequim.
O detetive Júlio César Santos trabalhava havia dois anos na 24ª DP. Paulo César Queiróz Lima estava lotado na Secretaria de Polícia Civil à espera de remanejamento para uma delegacia.
Lima e Santos foram enterrados ontem à tarde no cemitério São Francisco Xavier (zona norte).

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