São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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Acordo entre empresários tenta manter estabilidade

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os empresários paulistas estão negociando um "acordo" para garantir a estabilidade dos preços até o fim do ano.
Oficialmente, os empresários afirmam que o acerto visa facilitar a gerência do Plano Real.
Nos bastidores, reconhecem que, indiretamente, desejam contribuir para a vitória de Fernando Henrique Cardoso, candidato à Presidência pelo PSDB.
O pacto se resume, por ora, a um conjunto de intenções, com o objetivo de apoiar o Plano Real.
"Queremos colaborar com o novo ministro da Fazenda", disse o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Carlos Eduardo Moreira Ferreira.
Suas declarações foram feitas após a cerimônia de transmissão de cargo ao novo ministro da Fazenda, Ciro Gomes, realizada ontem à tarde no Banco Central.
Mario Amato, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), estava otimista em relação ao acordo.
Segundo ele, "70% do PIB nacional já está envolvido neste pacto".
Amato afirmou que a proposta é anterior à troca de ministro.
Segundo o presidente da CNI, a idéia consiste num compromisso de não aumentar preços, "desde que nada de anormal ocorra".
Juros
Em contrapartida, os empresários esperam que o governo retribua com medidas como a queda dos juros ou redução de impostos.
Moreira Ferreira estava cauteloso em relação às declarações sobre o sucesso desse acordo.
Ele disse que era preciso conversar mais para não incorrer nos mesmos erros do passado.
"Chega de conversa fiada", disse. Para Moreira Ferreira, o principal empecilho neste momento para o sucesso de um acordo desse tipo é "a falta de vontade política".
Assim como os outros empresários presentes à cerimônia, o presidente da Fiesp mostrou satisfação com a escolha de Ciro Gomes para o cargo.
Aproveitou para queixar-se de uma providência que vem sendo estudada pelo governo. Disse que a redução das alíquotas de importação pode "sucatear empresas e empregos".
Edmundo Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira das Indústrias de Alimentos), afirmou que o pacto é apenas uma proposta em estudo, sem nada de concreto fechado.
Jorge Gerdau Joahanpeter, presidente do grupo Gerdau e da Ação Empresarial Integrada, foi apontado por Mario Amato como o porta-voz e organizador oficial do pacto.
Joahanpeter, porém, disse que a estabilidade depende mais do plano do que do pacto.
FHC
O candidato do PSDB à Presidência, Fernando Henrique Cardoso, considerou "positiva" a idéia de os empresários se unirem para não aumentar os preços até 1º de janeiro.
"Não tem que subir o preço, a menos que haja uma razão objetiva", disse FHC, após a cerimônia de transmissão de cargo.
Para ele, no entanto, o pacto deveria "durar para sempre" e não só até o primeiro dia do próximo ano.
"Mudar de governo não quer dizer absolutamente mudar de rumo", declarou o candidato. "O Plano Real veio para ficar, qualquer que seja o governo."

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