São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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EUA não obtêm apoio à invasão do Haiti

OSCAR PILAGALLO
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O Grupo do Rio não vai apoiar a iminente invasão do Haiti pelos Estados Unidos.
Ontem, representantes do governo dos EUA não conseguiram arrancar dos chanceleres que integram a associação de países latino-americanos uma posição formal apoiando a intervenção militar.
O Brasil e a maioria dos 14 países que integram o Grupo do Rio criticam os militares do Haiti, mas preferem resolver o problema pela via diplomática.
O chanceler do Brasil, Celso Amorim, deu o tom do encontro quando afirmou que se deveria lidar com os "putchistas" de modo pacífico.
Ontem os chanceleres estavam trabalhando na preparação de um texto vago, que criticava os militares haitianos e, ao mesmo tempo, não concedia apoio político à invasão do país.
A posição americana foi defendida por Alexander Watson, subsecretário de assuntos interamericanos, que falou aos chanceleres na reunião da tarde. O encontro foi vedado aos jornalistas.
O assunto deve ser discutido hoje na reunião da 8ª cúpula presidencial do Grupo do Rio, mas é possível que a questão fique fora do documento que será assinado amanhã, no final do encontro.
Para os Estados Unidos, o simples fato de não ser redigida uma nota de protesto condenando a invasão já foi considerado uma vitória diplomática.
O governo americano sabia que, com exceção da Argentina, não contaria com o endosso da América Latina para a invasão.
O que está em jogo não é a invasão, que tem o aval da ONU. É a Cúpula das Américas, marcada para dezembro, que pode se esvaziar com a intervenção militar.

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