São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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Estabilidade e queda de Fernando Henrique

MAURICIO PULS
DA REDAÇÃO

A pesquisa realizada pelo Datafolha no último dia 5 de setembro revelou que, após o episódio envolvendo o ex-ministro Rubens Ricupero, o candidato Fernando Henrique Cardoso teve uma queda sensível em alguns segmentos sociais –a qual, por atingir setores minoritários, não se refletiu, pelo menos até o momento, numa queda no conjunto do eleitorado nacional.
No total, Fernando Henrique manteve sua posição –teve uma oscilação negativa de apenas um ponto (passando de 45% a 44%), resultado dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos para mais ou para menos. Essa estabilidade oculta, porém, algumas mudanças.
Considerando-se a evolução verificada entre o levantamento feito nos dias 29/30 de agosto e o realizado no dia 5 de setembro, constata-se que FHC manteve praticamente o mesmo índice de intenção de voto nos municípios do interior: experimentou uma oscilação positiva de um ponto entre os eleitores com até o 1º grau, caiu três pontos entre os que têm 2º grau e oscilou um ponto entre aqueles com nível superior.
Seu principal adversário, o candidato do PT, Lula, não obteve ganhos no interior: Lula também oscilou um ponto para baixo entre os eleitores com 1º grau e dois pontos entre aqueles com nível superior, e oscilou um ponto para cima entre os eleitores com 2º grau. No interior, o quadro manteve-se praticamente inalterado.
Nas regiões metropolitanas, porém, houve mudanças significativas. FHC teve queda de três pontos percentuais (de 41% a 38%) entre os eleitores com até o 1º grau, uma queda sensível entre os eleitores com 2º grau (de 46% a 40%) e outra, ainda maior, entre aqueles que têm nível superior (de 44% para 37%). Esse segmento foi o primeiro em que FHC obteve a maioria –prenunciando, assim, a evolução dos demais.
A redução dos índices de FHC nesse segmento –o dos eleitores com 2º grau ou mais residentes nas regiões metropolitanas– não provocou, porém, a diminuição do índice geral, porque os eleitores com 2º grau e nível superior são minoritários: juntos, representam cerca de 34% do eleitorado do país. O mesmo ocorre com o eleitorado das regiões metropolitanas, que concentram apenas 36% dos votantes.
Lula registrou alguns avanços nesse setor. Sua taxa permaneceu idêntica (em 25%) entre os votantes com o 1º grau, mas cresceu de 24% para 29% entre aqueles com 2º grau, e oscilou dois pontos para cima entre os que têm nível superior (31% para 33%). Esse acréscimo, porém, foi insuficiente para mudar sua taxa nacional.
A principal transferência de votos após o impacto inicial do caso Ricupero não beneficiou nenhum candidato, mas parece ter inflado o número de eleitores indecisos, cuja taxa oscilou, em todo o país, de 10% para 12%.
Essa evolução ocorreu principalmente no segmento do eleitorado com o 1º grau (67% do total). Nas regiões metropolitanas, o número de indecisos nessa esfera passou de 9% para 11%, e no interior, de 14% para 16%.
Variações menores também foram registradas nas regiões metropolitanas (de 5% a 6% entre aqueles que têm 2º grau, de 4% a 6% entre os com nível superior) e interior (de 4% a 6% entre os votantes com nível superior). A pesquisa do dia 5 só reflete o primeiro momento após o caso Ricupero. Ela parece indicar uma interrupção do crescimento de FHC (cuja taxa já vinha se estabilizando), mas ainda não aponta nenhuma tendência clara do eleitorado para o futuro.
A coluna MARGEM DE ERRO é publicada às sextas-feiras.

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