São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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Meneguelli quer priorizar emprego

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Jair Meneguelli, 47, foi presidente nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores) entre 1983 e 1994 e agora disputa, pelo PT, uma das cadeiras da Câmara dos Deputados.
Ele afirma que o parlamentar deve pensar nos interesses nacionais mais amplos e não apenas nos de seus Estados ou regiões. "Precisamos deixar nossas armas em casa para resolver os problemas do Brasil." Diz também que, em seu mandato, dará prioridade a questões como "emprego, salário ou reforma agrária".
Folha - Qual seria a ênfase de seu mandato na Câmara?
Jair Meneguelli - Por minha origem sindical, seriam as questões como emprego, salário ou reforma agrária. Sem ignorar a educação, saúde e moradia.
Folha - O sr. pressionaria um eventual governo Lula para satisfazer essas reivindicações?
Meneguelli - Sem dúvida, mesmo se pressionar não seja bem o termo, porque são também esses os compromissos de Lula.
Folha - Mas o orçamento não comporta atender simultaneamente todas essas prioridades.
Meneguelli - O orçamento comporta. Quando se fala em salário, por exemplo, não se trata de sair de R$ 64 para chegar no mês seguinte a R$ 200. É preciso levar em conta uma meta de quatro anos. Se o aumento for abrupto, sem adequar a oferta à demanda, você estoura a economia.
Folha - E quanto à moradia, que o sr. também mencionou?
Meneguelli - Há empresários se enriquecendo sem colocar dinheiro algum. Eles só investem o que recebem de prestações. O governo pode fazer o mesmo.
Folha - Caso o presidente seja FHC, qual seria seu comportamento como deputado?
Meneguelli - Seria o de lutar para que o parlamento consiga aprovar projetos que distribuam renda.
Folha - Há um desequilíbrio da representatividade dos Estados na Câmara.
Meneguelli - Embora o assunto seja há algum tempo discutido, o problema é que o deputado federal não pode exclusivamente pensar na solução dos problemas de seu Estado. Precisa pensar nos problemas nacionais. Embora eu seja de um Estado e de uma região importantes, não posso raciocinar em termos de "brasis" diferentes.
Folha - Como se abandona, então, essa visão provinciana?
Meneguelli - Por minha origem sindical, daria por exemplo prioridade ao emprego. Mas não me refiro aos empregos na Volkswagen ou na Ford. Preciso pensar também na criação de empregos na beira do rio Solimões.
Folha - A imagem do parlamentar está muito ruim. O que fazer para melhorá-la?
Meneguelli - Sou candidato pela primeira vez e por vezes sinto vergonha de pedir voto, tal é o descrédito em que está colocado o político no Brasil.
Folha - A democracia corre a seu ver algum tipo de risco?
Meneguelli - Creio que não. Eu não gosto de sair de guarda-chuva de casa quando não está chovendo. O que nós precisamos é trabalhar por uma democracia, independentemente das dificuldades que ela possa estar enfrentando.
Folha - A Constituição precisa ser reformada?
Meneguelli - Ela precisa ser antes de mais nada terminada.
Folha - Por meio do Congresso ou de uma assembléia especificamente eleita?
Meneguelli - Se houver o compromisso de cada deputado ou governante de mudar este país, isso independe da maneira com que será feito. Precisaremos mudar pensando grande, deixando nossas armas em casa e indo para o Parlamento para resolver os problemas do Brasil.

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