São Paulo, sexta-feira, 09 de setembro de 1994 |
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Safra de 95 está comprometida, diz petista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, denunciou ontem o comprometimento da safra agrícola de 1995 pelo atraso na liberação de recursos para o plantio.O Ministério da Agricultura confirmou o atraso e teme um desabastecimento de produtos agrícolas no início do próximo ano. Segundo Lula, dos US$ 5,6 bilhões prometidos pelo governo, só US$ 300 milhões foram liberados (US$ 200 milhões do Banco do Brasil e US$ 100 milhões do Tesouro). Para a assessoria do Ministério da Agricultura, a responsabilidade pelo atraso do repasse de verbas para o crédito rural é do Banco do Brasil (BB). Lula afirmou ter ouvido de um diretor do BB que o Ministério da Fazenda não tem interesse em liberar os recursos agrícolas para não prejudicar o Plano Real. "Eles não querem colocar mais dinheiro em circulação para não haver expansão na base monetária (montante de moeda que se encontra nas mãos das pessoas e das empresas). Não querem prejudicar o plano. Mas, se não liberarem dinheiro agora, a próxima safra estará comprometida", disse o petista. Mais de 75% dos créditos agrícolas saem do Banco do Brasil. O presidente do banco, Alcir Calliari, prometeu liberar US$ 1,8 bilhões só no mês de setembro. Falta liberar US$ 1,5 e o BB alega que não ter de onde tirar dinheiro. Para a Agricultura, os recursos têm de sair até outubro. Depois disso, não adiantaria liberá-los pois já não atenderão as necessidades do calendário agrícola. Este mês, por exemplo, na região Sul, é tempo de plantio. O solo já devia estar preparado e as sementes compradas. O Ministério da Agricultura disse estar recebendo queixas diárias de produtores rurais sulistas temerosos em investir em suas terras sem a garantia do crédito rural. No início do ano, o governo anunciou de forma ostensiva o novo pacote. O ministro Synval Guazzelli (Agricultura) fez pronunciamento em cadeia de rádio e TV. O governo chegou a prever uma colheita recorde em 1995. Outro lado Para o presidente do BB, Alcir Calliari, houve "um descompasso na liberação de recursos". A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda ignora a crise na agricultura e descarta o desabastecimento. "O governo está atento ao problema da agricultura mas as contas estão em dia. Não há problemas de caixa", disse o secretário-adjunto, Gesner Oliveira. Texto Anterior: Quércia tenta atrair CUT para estimular campanha Próximo Texto: Lula discute formação do Merconorte Índice |
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