São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994 |
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Vacina não surgirá em menos de 10 anos, diz representante da ONU
LÚCIA MARTINS
A afirmação é de José Esparza, 48, chefe do Programa de Desenvolvimento e Pesquisa de Vacinas anti-HIV das Nações Unidas. "Temos que mudar nossa visão da Aids e começar a pensar em longos prazos. Não se devem criar falsas expectativas de que teremos uma vacina rápida", afirma Esparza. Para ele, o importante é criar uma infra-estrutura nos países mais afetados para combater o vírus e ter consciência de que a solução para Aids não "será instantânea". "Só estamos começando um trabalho que certamente não será finalizado por nós." Esparza esteve ontem no Rio e em São Paulo visitando os grupos de trabalho que estão recrutando voluntários para analisar o seu comportamento. No Rio e em Belo Horizonte, 30 voluntários estão sendo escolhidos para tomar um produto candidato a vacina. Os voluntários serão homens e mulheres com idades entre 18 a 50 anos. Eles serão orientados a adotar comportamento sexual de baixo risco. O candidato a vacina é um produto norte-americano da UBI (United Biomedical International) e não oferece nenhum risco de contaminação do voluntário. O Brasil vai testar o produto na fase 1, que analisa apenas se o produto faz mal à saúde. A dificuldade dos testes de candidatos a vacina, diz Esparza, é que não se trata apenas de um grupo de pesquisa fazendo experimentos. Nessa fase, a indústria farmacêutica entra em cena. "Enquanto estamos apenas analisando o comportamento sexual de pessoas que pertencem a um grupo de risco é mais fácil. Mas quando os interesses de mercado começam a atuar fica mais difícil." Nos EUA, o produto da UBI já passou pelas fases 1 e 2 (que analisa que doses e com que frequência ela deve ser aplicada). Segundo Esparza, os EUA decidiram não fazer os testes na 3ª e última fase (que testa a eficácia da vacina em larga escala). Segundo ele, o governo norte-americano não vai entrar nessa fase provavelmente porque o custo é muito alto –US$ 45 milhões– e não há "uma necessidade de saúde pública". Em todo o mundo cerca de 20 vacinas estão sendo testadas nas fases 1 e 2. A vacina da UBI também está sendo testada na Austrália, China e Tailândia. Texto Anterior: Aprovada nova lei que redefine crime hediondo Próximo Texto: Infectologistas lançam livro sobre Aids; Criança mata a mãe com tiro de espingarda; Ex-advogada pega 30 anos de prisão no Rio; Tiroteio mata chefe do tráfico de drogas no Rio; Oito ficam feridos em acidente na zona leste Índice |
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