São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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Queimada deve atingir 60 mil hectares no AC

ALCINETTE DAMASCENO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

A extensão das queimadas no Acre este ano deverá superar 60 mil hectares de florestas, de acordo com as previsões mais otimistas de órgãos como o Instituto do Meio Ambiente do Acre (Imac) e Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
O pico das queimadas, feitas sem autorização dos órgãos de defesa ambiental, ocorre até meados de setembro, por causa do verão.
"Até lá, serão feitas queimadas de colonos para roçado, que não superam um hectare e são impossíveis de exercermos controle", diz o superintendente do Ibama no Acre, Antonio Pacaya, 41, para quem a preocupação maior são as queimadas cujas áreas variam de 900 a 1.000 hectares.
Cerca de 38 mil hectares de pastagens são queimados por ano com autorização do Ibama. As áreas de floresta virgem, segundo Pacaya, chegam a uma média de 30 mil hectares por ano. "O problema é que 70% das queimadas no Estado situam-se entre médias e grandes", diz o superintendente.
Mas o vice-presidente do CNS (Conselho Nacional dos Seringueiros), Júlio Barbosa, 38, acredita que o excesso de fumaça na atmosfera, que tem dificultado o pouso de aviões em Rio Branco, é resultante das queimadas de pastagens e não de matas virgens.
"Em 1986 e 1987 a fumaça ainda era de queimada de florestas", afirma Barbosa. "Este ano não. O que está ocorrendo são inúmeros desmatamentos para projetos de exploração madeireira."
O superintendente do Ibama e o vice-presidente do CNS defendem tecnologias que substituam o uso do fogo. Propõem o confinamento do gado e a utilização de tratores para formação de pastagens.
Antonio Pacaya está convencido de que a tendência da situação é se agravar, se não houver mais controle. Ele defende a criação de condições técnicas e econômicas urgentes para evitar as queimadas.
O fogo, que na região norte é única forma de limpeza das áreas, é até certo ponto incentivado pela legislação ambiental em vigor. Basta requerer ao Ibama autorização para queimar e obedecer poucas exigências.
Uma dessas exigências é fazer o aceiro, algo semelhante a uma estrada, com três metros de largura, contornando a área a ser queimada. A medida é para evitar que o fogo se alastre por áreas não autorizadas, mas acontecem casos de proprietários simularem um acidente.
"A pastagem existente no Acre é um exagero para o rebanho que possuímos. O confinamento impediria a expansão anual das áreas desmatadas", afirma Pacaya.
Nos últimos anos, várias madeireiras que atuavam no sul do Pará se transferiram para o Acre. Os madeireiros instalados no Acre vendem o metro de mogno a US$ 400, que depois é exportado por até US$ 800 o metro.

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