São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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'Popular' já tem 51% das vendas de carros

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

As montadoras venderam no mês passado 46.271 carros "populares", 51% do total de automóveis entregues às concessionárias (90.172) no período.
Pela primeira vez os "populares" representam mais da metade dos carros vendidos no país. Em julho, ficaram com 48% do mercado.
A liderança continua com a Fiat, que vendeu 18.236 Mille Electronic e ELX. O Gol 1.000 ficou em segundo lugar (14.733). O Corsa foi o terceiro, com 6.821 unidades vendidas.
A indústria bateu no mês passado os recordes históricos de produção e vendas. Os números foram divulgados ontem pela Anfavea (associação dos fabricantes de veículos).
As montadoras fabricaram em agosto 149.858 veículos, 7,9% a mais do que no mês anterior.
O recorde anterior (147,8 mil unidades) havia sido estabelecido em março deste ano.
Neste total estão incluídos automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
As vendas no atacado (115. 638 veículos) também foram recorde e ultrapassaram as 113,5 mil unidades comercializadas em março. Em relação a julho, as vendas cresceram 15,3%.
Esforço
O presidente da Anfavea, Luiz Adelar Scheuer, diz que os números demonstram o esforço do setor para atender ao crescimento da demanda.
"Nos últimos 12 meses produzimos 1.557.160 veículos, 200 mil a mais do que a meta de 1,35 milhão, prevista no acordo da câmara setorial para 94".
A produção em 94 deve se aproximar da marca de 1,6 milhão de veículos. Scheuer prevê que as vendas para o mercado interno cheguem a 1,32 milhão.
O real teve importância decisiva para o crescimento do mercado em agosto, diz Scheuer. Mas para os próximos meses, ele prevê redução da demanda por causa "do estímulo à poupança e das medidas de contenção de consumo que devem ser adotadas pelo governo".
O presidente da Anfavea reafirmou o interesse das montadoras no fim do ágio no carro "popular".
A entidade apresentou ao governo, na semana passada, propostas para combater o ágio. Entre elas, a redução do IPI (Imposto Sobre Produtos Industrializados) sobre os carros médios para diminuir a pressão sobre os "populares".
"Nossa previsão é que, se a situação não for alterada, no final do ano que vem os carros populares vão representar 65% das vendas, o que implodiria o sistema".
Segundo a Anfavea, o aumento da participação dos "populares" no total das vendas provoca uma grande queda de arrecadação do IPI. O carro "popular" é isento do recolhimento do imposto.
Scheuer voltou a criticar a eventual redução de alíquotas de imposto para o carro "popular" importado.
"Essa ameaça do governo vai conseguir apenas gerar empregos em outros países e diminuir a produção e o investimento local".
A importação, segundo ele, não é eficiente no combate ao ágio, porque os carros demorariam "meses" para chegar ao mercado.

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