São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994 |
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"Sei que o sucesso é falso", diz Viola
WILSON BALDINI JR.
O atacante corintiano fala da fama conquistada após a Copa dos EUA e do assédio da torcida Mesmo não jogando amanhã contra o Grêmio, em Porto Alegre, por cumprir suspensão, o atacante Viola, do Corinthians, continua sendo notícia. O jogador vive um segundo período de fama. Herói do último título paulista corintiano, ao marcar o gol da vitória sobre o Guarani, em 88, Viola é o paulista tetracampeão nos EUA mais badalado. "Sei que o sucesso é falso", disse Viola, que mesmo fora do time continua treinando em dois períodos no Parque São Jorge. Em entrevista à Folha, Viola fala dos contratos de publicidade, do assédio diário de torcedores e de sua vida íntima. Folha - O que mudou na sua vida com a conquista do tetra? Viola - Apesar de só ter jogado 15 minutos (atuou apenas no segundo tempo da prorrogação na partida final contra a Itália), minha popularidade aumentou muito. O assédio é tão grande que não consigo resolver problemas particulares. Folha - Que tipo de problemas? Viola - Os mais comuns. No supermercado tenho que ir com, no mínimo, mais uma pessoa. Enquanto dou autógrafos, o meu familiar faz as compras. Folha - Isso te aborrece? Viola - De maneira nenhuma. Sei que tenho uma responsabilidade muito grande, principalmente com as crianças. Folha - Você tem sido o jogador paulista mais badalado pela conquista do tetra. Você não tem medo de se prejudicar com tanto sucesso, como aconteceu em 88? Viola - Não. Naquela época tinha apenas 19 anos. Realmente me perdi e por pouco não acabei com minha carreira. Mas, com a ajuda de amigos, me recuperei. Folha - Quem tem ajudou? Viola -Tenho no Basílio (ex-jogador do Corinthians) um verdadeiro pai. Ele sempre me aconselha quando piso na bola. Quando fui expulso contra o Flamengo, ele quase me bateu. O Serginho Chulapa também. Folha - O Serginho? Viola - É (risos). Ele sempre me fala que esta fama dura apenas enquanto a gente está jogando bem. Se você se machuca ou a sua carreira vai chegando ao fim, todos te esquecem. Folha - Muitos jogadores já passaram por isso... Viola - O exemplo maior é o Raí. Ele me disse que o sucesso é falso e é verdade. Ele era um rei no São Paulo e por pouco não vai à Copa. Outro que está sofrendo este problema é o Palhinha. Foi crucificado por perder um pênalti. É muito injusto. Folha - Você também não está jogando bem depois que voltou dos EUA. O que aconteceu? Viola - Tá vendo? (risos) Realmente senti no começo do campeonato a falta de ritmo. Passei três meses na seleção só treinando. Eu dependo muito de um bom preparo físico. Agora esta suspensão vem para atrapalhar mais ainda. Folha - Por isso você tem treinado todos os dias, em dois períodos, no Parque São Jorge? Viola - Sem dúvida. Vou voltar contra o Sport (no próximo dia 17) com força total. Volto para jogar bem e não sair mais por punição. Folha - A diretoria corintiana pretende conseguir a ajuda de patrocinadores para reformar seu contrato no final do ano... Viola - Este assunto eles têm que resolver. Folha - Mas você sabe? Viola - Sei de alguns contatos. Folha - Além do Papa-Tudo (loteria pela tevê), você está com outro contrato de publicidade assinado? Viola - Gravei um comercial para a Brahma e outras coisas estão encaminhadas. Folha - Como o desfile para a Forum, no dia 29 de agosto (o jogador recebeu US$ 6.000 para desfilar)? Viola - É (risos). Folha - Você comprou sete calças da Forum? Viola - Não. Ganhei sete e mais duas jaquetas. Gostei tanto que vou conversar com o dono para que ele me dê outras roupas. Folha - Neste desfile as modelos disseram que você não usa cuecas... Viola - É verdade. Gosto de ter muita liberdade (risos). Folha - Por que você não aproveitou os dividendos dessa fama ao renovar contrato? Viola - O Corinthians precisava de mim e por isso resolvi reformar por menos do que estava pedindo. E também por que gosto de atuar contra o Santos, que era o adversário daquele momento. Quando era pequeno, queria jogar no Santos, com a camisa dez do Pelé. Folha - Você ainda tem este desejo? Viola - Estou no Corinthians há muito tempo e adoro aqui. Só saio do Corinthians para jogar no exterior, que é outro sonho. Folha - Aos 25 anos, as pessoas começam a pensar na possibilidade de se casar. Você está preparado para o casamento? Viola - Não (risos). Ainda tenho que ajudar muito minha família, antes de pensar em casamento. Próximo Texto: Aldair pode deixar a equipe da Roma; América do Sul quer cinco das 32 vagas; Zagalo pede fim do cartão amarelo; Dirigente não quer volta de suspensão; Clube não pagará dívida a Marcelinho; Cilinho é suspenso por 120 dias Índice |
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