São Paulo, sexta-feira, 9 de setembro de 1994
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Clinton busca apoio interno contra Haiti

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O presidente dos EUA, Bill Clinton, vai concentrar esforços a partir da semana que vem para ganhar apoio no Congresso e na opinião pública à invasão do Haiti, prevista para qualquer momento depois do fim deste mês.
Um discurso ao país pela TV será o seu principal trunfo. Clinton também pretende manter encontros com parlamentares dos dois partidos. A oposição à invasão no Congresso é grande, mesmo entre aliados do presidente.
A Casa Branca considera a possibilidade de não submeter o assunto ao Congresso, com medo de ser derrotado. Se não houver declaração formal de guerra, a autorização do Congresso não é necessária, acha o governo.
A mais recente pesquisa sobre o assunto feita pelo Instituto Gallup mostrou apoio de 44% e oposição de 52% à intervenção militar.
O senador David Boren, do Partido Democrata, que apóia Clinton, foi um dos que criticaram ontem a idéia de se invadir o Haiti: "Não há nenhuma ameaça à segurança dos EUA lá", disse ele.
O ex-vice-presidente Dan Quayle acusou o governo de preparar a operação apenas para elevar seus baixos índices de aprovação pública. A porta-voz da Casa Branca, Dee Dee Meyers, classificou a acusação de "ridícula".
O secretário da Defesa, William Perry, ordenou ontem a mobilização de sete navios de carga para a invasão. Estarão prontos em quatro dias para transportar armas pesadas, mantimentos e combustíveis.
O Pentágono anunciou que soldados de sete países do Caribe começarão treinamento para a invasão na segunda-feira que vem em Porto Rico, Estado associado aos EUA também localizado na região.
Os aliados dos EUA são: Antigua, Bahamas, Barbados, Belize, Jamaica, Trinidad-Tobago e São Vicente-Granadinas. O Reino Unido e a Argentina também prometeram apoio naval e logístico.
Em Porto-Príncipe, capital do Haiti, milhares de pessoas saíram ontem em passeata contra a intervenção militar em seu país. Em Washington, a porta-voz da Casa Branca disse que "a paciência dos EUA está se esgotando". "Caminhamos para o final desse jogo".

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