São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Juízes empregam parentes em tribunais

DA SUCURSAL DO RIO E DA

Nepotismo envolve desembargadores cearenses; magistrados do Rio e Pernambuco também são acusados
Agência Folha
O fato exemplifica um dos fatores do descrédito do Judiciário. Sem qualquer fiscalização de órgão que não seja integrado por seus próprios membros, irregularidades como o nepotismo permanecem olimpicamente impunes.
A chefe do Departamento de Relações Públicas do TJC não nega as nomeações de familiares. "Quem, indica os cargos comissonados são os desembargadores", afirma ela.
O presidente do Tribunal, Adalberto de Oliveira Barros Leal, lidera as indicações, com oito parentes em cargos comissionados. São eles seis de seus nove filhos e ainda duas noras.
Em Pernambuco, 18 juízes federais estão sendo acusados de nomear ilegalmente 13 parentes como funcionários de seus gabinetes. A acusação é objeto de ação judicial que tramita há um ano e tem como autores 13 sindicalistas e parlamentares.
Não se sabe ainda quem julgará o caso. No Tribunal Regional Federal (TRF), nove dos dez juízes são acusados de nepotismo e o juiz de primeira instância a quem o processo foi distribuído procurou se afastar do caso sob a alegação de que não se sentiria à vontade para julgar seus superiores.
O presidente do TRF, José Lazaro Alfredo Guimarães, confirma que juízes, inclusive ele próprio, nomearam parentes para cargos de confiança, mas afirma também que nada foi feito contra os princípios da Constituição.
No Rio, a acusação de nepotismo atinge o presidente do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), José Maria de Mello Porto. Ação popular da qual são autoras duas juízas aposentadas relacionam cinco parentes de Porto como empregados naquela Corte.
A acusação foi objeto de um dossiê que a Federação dos Trabalhadores da Justiça do Trabalho entregou no ano passado ao presidente do TST (Tribunal Superior do Trabalho) e ao procurador-geral da República, Aristides Junqueira.

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