São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Tímido, Maciel só aperta a mão das eleitoras

CYNARA MENEZES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O candidato a vice de FHC, Marco Maciel, é bom em Línguas – diz falar francês e ler em inglês e espanhol –, mas não sabe beijar. As moças que se aproximam dele nos comícios ganham, no máximo, um aperto de mão e um tapinha nas costas.'
Para algum desavisado que o vê em ação na campanha presidencial, fica difícil acreditar que tenha sido eleito deputado estadual, duas vezes federal e duas senador.'
Tímido, o corpo-a-corpo com os eleitores o deixa desconcertado. Em Itajaí (SC), a professora aposentada Loice Farina, 56, só conseguiu arrancar um beijo do candidato porque se atirou em seu pescoço.'
"Não é porque ele seja bonito, mas porque é um baita político", explicou Loice. O candidato a vice, vermelho de vergonha, correu para o subterfúgio predileto quando está embaraçado: o telefone celular, também um contato permanente com políticos e assessores.'
Em Camboriú para a inauguração do comitê de Jorge Bornhausen (candidato do PFL ao governador de Santa Catarina), foi recebido por uma loiraça de minissaia, com um buquê de flores à mão.'
Apertou apressadamente a mão da moça, passou o buquê à primeira pessoa que encontrou e correu para o celular.'
"O estilo é o próprio homem", justifica Maciel citando Buffon (1707-1788, naturalista francês). As citações –de Joaquim Nabuco à Bíblia– são uma mania do senador e um truque nos comícios. Sempre se refere em suas falas a detalhes de discursos dos políticos que o antecederam.'
Costuma cometer algumas gafes. No refeitório da metalúrgica Metisa, em Timbó (SC), disparou: "Vou falar rápido porque sei que saco vazio não pára em pé". Ninguém riu –todos já tinham almoçado.'
Marco Maciel faz sucesso no palanque pela boca alheia. Sua fama de comer pouquíssimo e quase não dormir, além da magreza extrema, sempre são motivo para piadas dos políticos amigos.'
"Maciel come pouco, mas trabalha muito", diz Bornhausen em um comício. "Vejam este homem forte e robusto... de idéias", brinca Vilson Kleinubing, candidato ao Senado, apontando para Maciel. Gargalhadas gerais.'
A rigor, não sabe porque é tão magro. O pai, José do Rego Maciel, também político, é magro, mas não tanto quanto o filho. João Maurício Maciel, filho do candidato a vice, é mais alto e quase gordo.'
É fato que come pouco e nunca carne vermelha – "por preguiça de cortar", segundo a mulher (há 26 anos) Anna Maria. Uma coisa é certa: se alguém aconselhou FHC a comer buchada de bode, não foi Marco Maciel. "Prefiro peito de frango", diz.(Cynara Menezes)

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