São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Livros raros não têm procura

MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 800 pessoas visitam, diariamente, a Biblioteca Mário de Andrade, mas não mais de dez pessoas procuram a sua seção de livros raros, escondida ao fundo de um corredor no segundo andar.
A procura poderia ser maior: a seção dispõe de 14 cadeiras.
"Mais que isso não entra. Mas não me lembro de algum dia ter lotado", diz o chefe da seção, Rizio Bruno Sant'Ana.
Cerca de 45 mil volumes da biblioteca são catalogados como raros, mas apenas 3.500 estão à mão, na sala de leitura.
O resto da coleção ocupa seis dos 22 andares de um prédio conhecido como "torre", anexo à biblioteca Mário de Andrade.
O acesso à seção é restrito, mas não proibido, explica Sant'Ana. "O aluno de 1º grau chega aqui e diz que o professor mandou ele copiar a primeira edição dos 'Lusíadas'. Não precisa."
Os livros da seção de raros podem ser microfilmados, mas não xerocados, para evitar danos.
Algumas obras, como uma edição de 1477 da "Suma Teológica", de Santo Antonino, ou manuscritos de Ruy Barbosa, nem podem ser manuseadas (a consulta é feita em cópias microfilmadas).
Por critérios internacionais, todo livro editado antes de 1801 é considerado raro. Livros brasileiros anteriores a esse ano são mais que raros –junto com o rei d. João 6º, em sua viagem de 1808, chegou a imprensa régia.
A Biblioteca Mário de Andrade adota critérios elásticos para catalogar como raras algumas de suas aquisições. Primeiras edições ou obras autografadas de escritores brasileiros deste século, como Oswald de Andrade (1890-1954) ou mesmo Jorge Amado (1912), são guardadas na seção.
Também pertencem à seção de raros cerca de 20 mil volumes de periódicos (jornais e revistas) do século passado e início deste, que correspondem a 400 títulos.

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