São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Estilo 'high-tech' atrai projetos de luxo

TELMA FIGUEIREDO
DA REPORTAGEM LOCAL

O desejo de possuir um imóvel com apelo estético peculiar é o principal motivo que faz com que o arquiteto e artista plástico Wagner José Garcia, 38, seja solicitado para criar projetos de casas de alto padrão com arquitetura em aço.
"Com o uso de estruturas metálicas encontra-se soluções e formas espaciais totalmente novas", diz.
Essa originalidade seduz pessoas que querem construir uma casa original e "high-tech".
Com esse enfoque, Garcia vendeu a idéia de um projeto todo em aço para um empresário paulista que tinha a intenção de construir uma ampla casa na praia de Maresias (litoral norte de SP).
O imóvel, já concluído, lembra a forma de uma nave espacial metálica. Com fachada totalmente em aço e vidro, a casa tem área de 600 m2 de área e consumiu cerca de US$ 700 mil para ser construída.
Garcia praticamente passou os últimos anos no Massachussets Institute of Technology (MIT), da Universidade de Harvard, nos EUA, estudando ciência e arte.
Uma das buscas do arquiteto é estabelecer uma relação direta entre estética arquitetônica e tecnologia de ponta. E ele descobriu no aço um material que, além das qualidades tecnológicas, pode ser trabalhado artesanalmente com formas especialmente desenhadas.
Em seus projetos, atualmente Garcia trabalha em conjunto com o jovem arquiteto Ubirajara Giglio de Freitas, de 29 anos.
Além da casa de Maresias, há uma outra –também de alto padrão– em que um projeto desses arquitetos está sendo executado em Itapecerica da Serra (33 km a sudoeste de SP). E o aço é a maior vedete da obra, é claro.
O imóvel está sendo implantado em um lote de cinco alqueires (120 m2) e será a futura residência de um empresário paulista.
"O tamanho do terreno me deu a oportunidade de 'espalhar' a construção, criando uma interessante integração entre aço e meio ambiente", afirma Garcia.
Ele diz ter usado referências da própria natureza para desenvolver o projeto, que inclui, por exemplo, uma nascente –uma lâmina d'água que passa no meio da casa.
Ao contrário da amplitude oferecida pelo de Itapecerica da Serra, no projeto de sua futura residência/estúdio, Garcia teve que lidar com um espaço bastante restrito.
Em um lote de 250 m2 e grande declividade, o arquiteto conseguiu projetar quase 500 m2 de área construída. O imóvel, implantado no condomínio Arujazinho 4, em Arujá (35 km a nordeste de SP) está praticamente pronto.
Garcia conseguiu patrocínios para viabilizar financeiramente essa obra. "Lancei a idéia para a Usiminas e outras empresas, com objetivo de fazer desse projeto um laboratório de novas soluções arquitetônicas", afirma.
Ele conseguiu o apoio de várias empresas, o que permitiu que os custos mais altos –como aço, vidro e lajes– fossem subsidiados.
"Mesmo assim, já investi quase US$ 200 mil no projeto, que é caro porque é mais complexo e experimental que os outros. A casa está 'pendurada' no terreno", diz.
Na construção com estruturas metálicas, a computação gráfica desempenha um papel fundamental para o projeto. A unidade mínima do aço na construção civil é um perfil, que poderá ser articulado de inúmeras formas.
"A computação ajuda a pensar os 'nós', todas as ligações do projeto. Quando esse recurso é bem utilizado, o resultado concreto é muito próximo do que foi idealizado", diz o arquiteto.
Para ele, o grande impasse hoje para as construções com aço é solucionar os detalhes do projeto, como as interfaces entre laje, aço, piso e vidros.

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