São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Prefeitura existe há 19 anos

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A capital dos EUA não teve autonomia política durante 101 anos: de 1874 a 1975. Nesse período, ela foi administrada pelo Congresso.
Os motivos que justificaram a revogação da autonomia há 120 anos são os mesmos que agora dificultam aprovação de emenda constitucional para tornar o Distrito de Columbia (equivalente ao Distrito Federal brasileiro) o 51º Estado do país: corrupção e incompetência administrativa.
O prefeito Alexander "Boss" Shepherd levou a cidade à falência entre 1871 e 1874, fugiu para o México para não ser preso e encerrou o primeiro período de autonomia da capital dos EUA.
Na fase atual, a cidade teve apenas três prefeitos: Walter Washington (1975-1979), Marion Barry (1979-1991) e Sharon Pratt Kelly (1991-1995).
Washington foi considerado omisso. Barry deixou a prefeitura e foi para a prisão. Kelly é tida como modelo de ineficiência.
A cidade atravessa um dos piores períodos de sua história em termos de qualidade de vida urbana: embora o Congresso tenha saldado o déficit de US$ 316 bilhões que Barry passou para Kelly em 1991, o buraco orçamentário é maior agora do que então.
As escolas municipais não puderam reabrir na semana passada, como mandava o calendário, por falta de condições de segurança.
As ruas estão mais esburacadas do que nunca. Dutos de água do século passado estouram com frequência e inundam ruas e edifícios.
No ano passado, o consumo de água potável foi proibido durante dias por contaminação. Os índices de homicídio são os mais altos de todo o país.
Nenhum dos três principais candidatos à Prefeitura (Barry, Kelly e Ray) é defensor de medidas duras de contenção de despesas para controlar o déficit crônico do município.
Ray está obtendo o apoio dos setores mais ricos e conservadores da cidade. Mais porque ele é tido como pessoa honesta do que por seus possíveis méritos como administrador.
Além dos três, há mais quatro candidatos democratas e dois republicanos inscritos nas primárias de depois de amanhã, mas nenhum deles tem qualquer chance de vencer.(CELS)

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