São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Pesquisas de FHC; Anti-semitismo; Negociação salarial; Liberdade de imprensa; Aids e cidadania; Agressão às instituições; Política na TV

Pesquisas de FHC
"Citado em reportagem do caderno Supereleição na edição de 9/09, venho esclarecer alguns tópicos nela citados, com o intuito de contribuir para a correta informação dos leitores. 1 - Não é verdade que o Ipespe mantenha qualquer tipo de contrato de assessoria ou realização de pesquisa com a campanha da coligação União, Trabalho e Progresso (PSDB-PFL-PTB). A MCI - Marketing, Estratégia e Comunicação Institucional Ltda. é a empresa responsável pela área de pesquisas da campanha, segundo contrato firmado de acordo com as disposições legais. 2 - Não é verdade que o signatário seja 'dono' do Ipespe -Instituto de Pesquisas Sociais, Públicas e Econômicas. De fato, já há alguns meses a diretoria executiva do mesmo é exercida pelo professor Bonifácio Andrade, sendo o signatário, ao lado de outros professores, apenas um sócio-fundador do instituto. 3 - O Ipespe é uma instituição de notório saber, largamente qualificada na área de avaliação e planejamento de impacto de políticas públicas sobre a opinião pública, sendo a principal instituição nessa área fora do Sudeste. 4 - Não é verdade que a MCI seja uma 'nova empresa', montada em Brasília para assessorar a campanha à sucessão presidencial. A empresa existe há cerca de três anos, sediada em Recife."
Antônio Lavareda (Brasília, DF)
Nota da Redação - O Ipespe presta assessoria à campanha de Fernando Henrique. Integra o "pool" de institutos que realizam pesquisas para o comitê tucano, ao lado do Ibope, Vox Populi e CBPA. Ao reconhecer-se como sócio, Lavareda confirma a condição de dono do instituto. No contrato firmado com o governo do Ceará, sem licitação, ele assina pelo Ipespe. A MCI funciona há três anos em Recife. Mas seu escritório em Brasília foi criado neste ano, exclusivamente para servir à candidatura de Fernando Henrique.

Anti-semitismo
"Indignado, tomei conhecimento através da coluna de Nelson de Sá (Folha, 8/09) das manifestações racistas e anti-semitas que atingiram a pessoa e a campanha eleitoral de Jaime Lerner. Fatos como esse expressam o perigo da negligência diante da ação de pessoas e candidatos que têm uma prática democrática equivocada e uma postura ideológica intolerante e preconceituosa. Precisamos continuar lutando pela construção de uma sociedade justa, onde o respeito aos direitos humanos seja um imperativo ético nunca esquecido."
Fabio Feldmann, deputado federal pelo PSDB-SP (Brasília, DF)

Negociação salarial
"Lemos, com alguma surpresa e elevada perplexidade, o teor da matéria publicada nesse conceituado jornal sob o título 'A ameaça está no patronato' (28/08), assinada pelo economista Luís Nassif. Não corresponde à verdade a assertiva de que os negociadores privados colocam em risco o Plano Real. A visão distorcida está em quem expõe uma afirmação desse jaez, alheio à realidade das negociações que se desdobram entre o capital e o trabalho. Nos últimos anos, as negociações vêm se profissinalizando cada vez mais, especialmente do lado dos trabalhadores, que, com o recebimento de várias contribuições dos empregados (associativas, sindicais, assistenciais, confederativas, etc.), contratam especialistas em todas as áreas para melhor se aparelharem para o embate das negociações. Já o lado patronal, não beneficiário de todas estas fontes de receita, conta com o profissionalismo e empenho dos colaboradores de seus sindicatos representativos e participação voluntária e não-remunerada de profissionais das empresas envolvidas no certame negocial. Tem o lado patronal e seus profissionais o maior interesse em que as negociações sejam céleres e concluídas com a maior brevidade, sem radicalizações ou necessidade de istauração de instância junto à Justiça do Trabalho. Também é absurda a conclusão do sr. Nassif de que os negociadores patronais são beneficiários diretos dos resultados das negociações. Os acordos que vêm sendo firmados através de exaustivas negociações com os trabalhadores, onde os profissionais qualificados de salários mais altos têm os reajustes limitados a um teto –incluindo-se aí os negociadores patronais das empresas–, sendo certo que os negociadores oriundos dos sindicatos patronais não têm em seus salários qualquer reflexo direto do reajuste final formalizado com o trabalhadores."
Ariovaldo Lunardi, coordenador da Comissão de Negociação do Grupo XIX-III da Fiesp (São Paulo, SP)
Resposta do jornalista Luís Nassif - O leitor deu todas as explicações, menos a essencial: a maneira como estão definindo as propostas de reajuste dos salários, base de toda a crítica da coluna.

Liberdade de imprensa
"Engraçado notar que, no artigo do candidato a vice de uma coligação de partidos (alguns) defensores da ditadura do proletariado, se defenda a liberdade de imprensa. Liberdade para divulgar a violação de uma conversa particular de um ministro, mas certamente não a mesma liberdade que foi tolhida, impedindo-se a imprensa brasileira de acompanhar a divulgação, pelos candidatos da 'verdade', de dossiê que acusava a mídia de estar vendida ao candidato da 'mentira'. Só a imprensa isenta do Primeiro Mundo foi convidada. Acaso o partido da 'verdade' teve escrúpulos de recortar também os artigos em que essa imprensa 'tendenciosa' atacou a coligação FHC 'mentira', ou 'o que é bom, a gente fatura, o que é ruim, a gente esconde'?"
Luiz Fernando Dias de Souza (São Paulo, SP)

Aids e cidadania
"A Associação para a Prevenção e Tratamento da Aids vem através deste espaço denunciar fatos que desrespeitam os direitos de cidadania dos portadores de HIV e pacientes com Aids. O corte de verbas do Ministério da Saúde para serem aplicados no Fundo Social de Emergência produz, neste momento, efeitos irreversíveis no tratamento das pessoas que vivem a epidemia da Aids. A falta de recursos para a compra e distribuição de medicamentos, entre eles o AZT, já comprometeu a quase totalidade dos pacientes atendidos pela rede de saúde pública."
Teresinha Cristina Reis Pinto, presidente da Associação para Prevenção e Tratamento da Aids, seguem-se mais três assinaturas (São Paulo, SP)

Agressão às instituições
"A sociedade brasileira não tem dado atenção a uma de suas mais sérias crises institucionais: o reiterado abuso do presidente da República na edição e repetição de medidas provisórias. Agora, o abuso ultrapassou todos os limites, com a reedição da MP das mensalidades escolares, já suspensa por inconstitucionalidade pelo STF. Trata-se de gravíssimo atentado à Constituição, ao livre exercício do Poder Judiciário e ao cumprimento de decisão judicial, que vem se somar à constante usurpação dos Poderes do Congresso Nacional. A Constituição define tudo isso como crime de responsabilidade."
Carlos Ari Sundfeld, presidente da Sociedade Brasileira de Direito Público (São Paulo, SP)

Política na TV
"A propaganda política na TV demonstra o quanto estamos atrasados na técnica de transmitir mensagens em curto espaço de tempo. À parte os candidatos majoritários –que dispõem de tempo maior–, os demais dão um show de frases idiotas e rimas esquisitas."
Antonio Alberto Trindade (Santo André, SP)

SUPERELEIÇÃO
"Parabéns ao articulista Luís Francisco Carvalho Filho (Folha, 6/09) que ao falar de dois símbolos do regime militar, Newton Cruz e Romeu Tuma, conclui ser incrível que eles possam eleger-se sem que o eleitor seja informado, de fato, em quem está votando."
Tereza Lajolo, vereadora pelo PT-SP (São Paulo, SP)

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