São Paulo, domingo, 11 de setembro de 1994
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Citroen quer vender carro elétrico em 95

DO "EL PAÍS"

Os carros elétricos, considerados até pouco tempo atrás uma utopia, continuam se aperfeiçoando para chegar logo ao mercado.
A legislação do Estado da Califórnia (EUA) obriga que 2% dos veículos vendidos em 1998 tenham taxa zero de emissão de poluentes.
Na Europa, o Grupo PSA (Peugeot-Citroen) se comprometeu a comercializar em 1995 as primeiras versões elétricas dos modelos AX (Citroen) e 106 (Peugeot).
Para isso, cada um dos modelos está seguindo um programa de testes na cidade francesa de La Rochelle.
A versão elétrica do AX apenas se diferencia exteriormente do modelo convencional pela cor, pela palavra Electrique no logotipo e por uma tomada de energia no lado direito do carro.
Internamente é quase idêntico, com exceção da ausência da alavanca de câmbio e do pedal de embreagem, além do quadro de instrumentos, que é próprio.
Apenas se perdeu um pouco de espaço no porta-malas. O estepe foi substituído por uma bomba antiperfuração, devido à utilização basicamente urbana do veículo.
O motor foi substituído por um pequeno gerador elétrico, que deixa muito espaço para as baterias, que estão distribuídas na frente e atrás (embaixo do porta-malas).
Tem direção hidráulica (que reduz a autonomia em 5%), controle do toca-fitas no painel, junto à direção, entre outros equipamentos.
O aquecimento tem um sistema independente e funciona por meio de um pequeno motor à gasolina, abastecido por reservatório de 12 litros, aproveitando o bocal do tanque dos AX comuns.
O motor é um gerador de corrente contínua alimentado por um conjunto de baterias. Os modelos que utilizam acumuladores de chumbo têm autonomia de 50 km e os com baterias de níquel e cádmio podem superar os 90 km.
Os números são modestos mas permitem circular sem problemas na cidade e manter velocidades entre 70 km/h e 90 km/h.
Acelera com vigor suficiente nas saídas dos semáforos, move-se em absoluto silêncio com a mesma suavidade com que se desce uma ladeira em ponto-morto.
O único inconveniente é a autonomia. Para evitar o problema, La Rochelle montou uma completa infra-estrutura de terminais de recarga que permitem o reabastecimento em caso de necessidade.
Nos postos de carga rápida, situados em alguns postos de gasolina, pode-se recuperar 80% da carga (suficiente para 60 km a 70 km) por cerca de US$ 2,50. O único inconveniente é o tempo que leva para reabastecer, bem maior do que um carro normal.
Para recarregar as baterias a 80% da sua capacidade, que é o máximo que se permite com o sistema rápido, necessita-se de mais de meia hora.
Porém, o normal é fazer as recargas de dez minutos para 20 km de uso, para chegar em casa e lá completar a carga total, feita normalmente durante toda a noite.
O veículo pode ser carregado completamente (com carga lenta) por cerca de US$ 1,85, o que faz com que o quilômetro custe entre US$ 0,01 e US$ 0,03 –menos que gasta um utilitário à gasolina dos mais econômicos (entre US$ 0,05 e US$ 0,06).
Os carros elétricos conseguem uma importante economia de combustível, que pode chegar a equilibrar o preço mais alto que será exigido inicialmente pelos primeiros modelos.
Para que sejam viáveis, o importante é que as cidades organizem uma infra-estrutura mínima de postos de recarga.
Na França, os municípios que preparam programas similares aos de La Rochelle pensam em oferecer aos carros elétricos locais para estacionamento gratuito na região central da cidade.
O governo também tem estabelecido incentivos fiscais para as empresas que adquirirem carros elétricos, permitindo amortizar todo o capital a mais no primeiro ano. O preço estimado do AX elétrico para 95 é US$ 15,5 mil.

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