São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994
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De volta pro futuro

THALES DE MENEZES

O tênis volta a respirar. Ainda não está curado, longe disso. Mas ganhou um período extra de vida com a vitória de Andre Agassi no US Open no fim-de-semana.
Depois de meses da ladainha de falta de estrelas carismáticas, o público americano viu um campeão para ninguém colocar defeito: fez dois duelos antológicos (contra Michael Chang e Thomas Muster), arrasou Michael Stich na final, puxou uma "hola!" nas arquibancadas da quadra Central de Flushing Meadows e comemorou o título conquistado com um ostensivo beijo de língua na namorada, a atriz Brooke Shields.
Na verdade, esse título veio com dois anos de atraso. O Agassi campeão do US Open 94 é uma sequência lógica do Agassi campeão de Wimbledon 92.
Quando levantou o troféu no All England Lawn Tennis Club, Agassi parecia não estar apenas vencendo Wimbledon pela primeira vez. Parecia que o moleque atrevido, 3º colocado no ranking em 88, com 18 anos, tinha voltado à sua trajetória rumo ao topo, depois de ficar perdido entre badalações na virada dos anos 90. No entanto, Agassi pisou na bola nos meses seguintes.
Perdeu para Courier nas quartas no US Open 92, alegou estar estressado e desistiu de disputar o Masters daquele ano. Em 93, teve maus resultados no começo da temporada. Segundo ele, por causa da troca de raquete (abandonou a Donnay para jogar com Head).
Em Wimbledon, Agassi apareceu de namorada nova: a atriz e cantora Barbra Streisand, 28 anos mais velha do que ele. A moça não foi "pé quente". Agassi foi derrotado pelo furacão Pete Sampras.
Disputando cada vez mais partidas de exibição, o desgaste prejudicava seu desempenho nos torneios importantes. E a associação com John McEnroe, misto de parceiro de exibição e treinador, não foi nada produtiva.
Aí veio o US Open 93 e a tragédia: eliminado na primeira rodada pelo sueco Thomas Enqvist. Depois, a coisa piorou, com uma delicada cirurgia no pulso. Foram cinco meses longe das quadras. E um ano sem vencer um torneio.
Mais fracassos em Roland Garros e Wimbledon, que motivaram a busca de um novo técnico. Encontrou Brad Gilbert, 32 anos, ainda hoje jogador, ex-número 5 do ranking da ATP.
Agora, o tenista reencontrou o futuro brilhante que se avizinhava em 92. Pode ter sido Brooke, pode ter sido Gilbert. Seja quem for o responsável pela volta do Agassi campeão, o tênis agradece.

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