São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994 |
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Yes faz show amanhã e sexta no Olympia
MARCEL PLASSE
É a segunda vez que a banda se apresenta no país –a primeira foi no Rock in Rio, em 1985–, mas o vocalista Jon Anderson fez alguns shows solo no ano passado, quando se engajou na campanha contra a fome, promovida por Herbert de Souza, o Betinho. Jon Anderson também participou da gravação do disco de Milton Nascimento, "Angelus", e vibrou com o tetra conquistado pela seleção brasileira de futebol. "Estava cantando com a torcida brasileira no estádio", disse Anderson, de Los Angeles, em entrevista por telefone à Folha. Folha – O que fez você ficar entusiasmado com o Brasil? Jon Anderson – Foi aí que o Yes tocou para a maior platéia da sua carreira: 300 mil pessoas (no Rock in Rio). Folha – Como você conheceu Milton Nascimento? Anderson – Eu o conheci por meio de amigos músicos, em Los Angeles. Milton é muito gentil e, quando canta, o melhor do mundo. Folha – O que o motivou a se envolver na campanha contra a fome no Brasil? Anderson – Sempre me preocupei com o futuro, especialmente com as crianças. Um ano antes de cantar no Brasil, me apresentei na Tailândia e na China, pela Unicef. Folha – O que o Yes traz de novo para o público brasileiro? Anderson – Cada show que fazemos é diferente. A banda está tocando de maneira magnífica as músicas do novo álbum ("Talk"), assim como as clássicas, as dançantes e as excitantes. Folha – O que mantém uma banda unida por 25 anos? Anderson – É uma combinação de música, mudança de personalidades e negócios. Tentamos sempre nos aperfeiçoar, evoluir, e não nos acomodar. Não podemos viver do passado, pois ainda temos futuro. Folha – Mas os últimos discos do Yes, assim como os do Genesis, são os menos elaborados e mais comerciais da banda. Anderson – Não é o caso de "Talk". É um grande álbum. Mas a gravadora sempre ouve algumas canções e sugere coisas que são boas para o rádio. Se você só ouvir "Walls", que a gravadora escolheu, bem, é apenas uma canção alegrinha. Não é o tipo de composição que eu faria –e não fiz. A música é de Trevor (Rabin, guitarrista) e um cara do Supertramp (Roger Hodgson). Mas isso é parte do negócio. Se não fizesse o jogo, não estaria falando com você. Pessoalmente, não gosto de dar entrevistas. Folha – Por quê? Anderson – Porque fico sempre na defensiva, sempre defendendo a banda. Ah, vá se ferrar! A banda é do grande balaco. Não precisamos provar nada. Fazemos boas músicas. Às vezes, comete-se um erro, mas todos erram. Pode escrever: o próximo disco do Yes vai ser revolucionário. Pode não vender, não estar na moda, mas mesmo assim vai valer a pena tentar algo revolucionário. Folha – Revolucionário em que sentido? Anderson – É impossível explicar algo que ainda não está muito claro na minha cabeça, mas gostaria de trabalhar com um grupo de teatro e uma orquestra. Gostaria de fazer música que fosse arte moderna, sinfônica e computadorizada. Folha – O computador não tornou obsoleto aquele arsenal de teclados, que representava o palco típico do Yes na fase de Rick Wakeman? Anderson – Rick Wakeman vai voltar ao grupo –e você é a primeira pessoa no mundo a saber. Mas não sei como vai ficar aquela montoeira de 20 teclados. Acho que ele só vai tocar piano. Texto Anterior: Personalidades apóiam escritor Próximo Texto: Gênero teve ápice nos anos 70 Índice |
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