São Paulo, quarta-feira, 14 de setembro de 1994
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Jabor e a parabólica ; Brinquedo nacional ; 'Bicos' da orquestra ; Contraste de opiniões ; Acionistas ; Legalização do aborto ; Poluição em São Paulo

Jabor e a parabólica
"O artigo de Arnaldo Jabor 'Ricupero não fez adultério contra a pátria', publicado na Ilustrada de ontem, é muito oportuno, embora tenha vindo à luz mais de uma semana depois de estourar o escândalo das parabólicas. Esta circunstância o valoriza ainda mais, por mostrar que as pessoas não enxergaram o óbvio, o que Jabor se encarregou de lhes mostrar, com paciência e didatismo. No desespero de conseguir qualquer coisa para reverter uma tendência eleitoral que parece levar essa disputa para o tédio absoluto, o PT mentiu e fabricou versões sobre o que Ricupero teria falado, mas, na verdade, não falou. A própria Globo, no 'Jornal Nacional', deixou clara, mas implícita, a manobra. Faltava alguém chegar e escrever: o homem disse isso, as pessoas disseram que ele disse aquilo. É o resgate da verdade, difícil de ser feito no meio do tiroteio de sexo, mentiras e videoteipe travado em campanhas eleitorais no Brasil. Por tudo isso, considero o texto de Jabor uma análise primorosa e antológica sobre os primitivos costumes políticos brasileiros e nosso lento, mas (felizmente) irreversível processo de amadurecimento."
José Neumanne (Brasília, DF)

"Depois de fazer filmes 'cabeça', o Jabor deu para fazer a cabeça de tucano. É o que se deduz lendo seu artigo na Ilustrada de ontem, em defesa do Ricupero. Será que rende uma boquinha? Avante Jabor, o Ipojuca começou assim. O Fernando 2º ('Eu te Amo') há de se lembrar de você, se conseguir mesmo enganar os brasileiros da mesma forma que o impichado Fernando 1º."
Talvino Azenha (São Paulo, SP)

Brinquedo nacional
"Gostaria de informar ao leitor José Roberto Martins que os preços dos brinquedos nacionais já caíram 25% em termos reais desde 1990, estando hoje abaixo dos importados legalmente em muitos casos. A expectativa da indústria de brinquedos é de que os preços cairão ainda mais com a queda dos juros num primeiro momento e logo adiante com uma reforma tributária. Hoje, 40% do preço de um brinquedo ainda são impostos e encargos, enquanto no Sudeste Asiático essa fatia não chega a 2%. Também gostaria de alertar para a necessidade de pesquisar preços, uma vez que há expressivas diferenças de uma loja para outra. Finalmente, saliento a importância de prosseguirmos desenvolvendo a indústria nacional, geradora de empregos e fomentadora da qualidade. A maioria dos brinquedos já está nas prateleiras com o selo de qualidade que atesta a fabricação de modo a não oferecer risco à criança. A indústria nacional também continuará empenhada em oferecer uma contribuição efetiva à educação da criança, dentro da cultura inerente à nossa realidade."
Emerson Kapaz, presidente da Abrinq –Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (São Paulo, SP)

'Bicos' da orquestra
"Duas observações sobre a reportagem que tratou da situação das orquestras no país, publicada na Ilustrada, no último dia 12. A Orquestra Jazz Sinfônica sempre foi estatal e nunca chegou a ser terceirizada: os músicos recebiam mensalmente por serviços prestados e desde o ano passado foram contratados pela CLT, através do Baneser, independentemente de qualquer tipo de pressão, já que suas condições de trabalho eram insustentáveis. Segundo, a declaração de que os músicos fazem 'bico' em casamentos não foi feita por mim. Ao usar o termo 'bico', queria me referir às atividades extras em conjuntos de câmara, outras orquestras, gravações etc."
Ricardo Ohtake, secretário de Estado de Cultura (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Luís Antônio Giron – O secretário não só mencionou o termo "terceirização" para descrever a situação funcional da Orquestra Jazz Sinfônica como afirmou que os músicos "viviam de free lancer". Por isso, disse Ohtake, a orquestra foi "reestatizada" (o termo é dele). Quanto aos "bicos" em casamento, o secretário foi enfático. Afirmou que os músicos "nunca vão parar" de fazê-los, inclusive em casamentos.

Contraste de opiniões
"Diante do agudo contraste armado pelos artigos que compõem a seção Tendências/Debates de 11/09, quero manifestar apoio à denúncia do 'moralismo histérico' feita por José Arthur Giannotti, bem como externar repulsa pela argumentação de baixo nível empregada por Marilena Chauí. Valer-se das inconsistências e debilidades de espírito de um 'frade' embriagado pela soberba para se lançar como abutre sobre Fernando Henrique Cardoso, tal qual fez o conjunto de seus rivais em desespero, põe em evidência que a 'falta de escrúpulos' é, no mínimo, o gênero mais bem dividido do mundo, em contraste com a brutal escassez de racionalidade, que a grita demagógica dos moralizadores em cena não disfarça."
J. Chasin, professor do departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais (Belo Horizonte, MG)

Acionistas
"Gostaria de esclarecer novamente a este jornal, em especial ao sr. Emanuel Neri, da reportagem local, que, como diretor de uma das holdings que compõem a Metalúrgica Matarazzo S.A., empresa fabricante de embalagens metálicas, esta empresa não é de um dono só, como alega reportagem publicada na edição de ontem, mas, sim, composta por vários acionistas."
Raffaello Pappone (São Paulo, SP)

Legalização do aborto
"Desejamos cumprimentar o juiz Antonio Jurandir Pinoti pela matéria publicada na Folha em 11/09 sobre legalização do aborto, uma triste realidade. Cumpre salientar que essa luta tornou-se uma questão de saúde pública defendida não apenas pelas mulheres como também por ilustres figuras de nossa sociedade, incluindo vários juízes de direito. Consideramos válido, apenas a título de esclarecimento, que algumas informações estatísticas referidas pelo dr. Pinoti sejam reparadas. A renomada instituição de pesquisa Alan Guttmacher Institute, de Nova York, publicou em 1994 o livro 'Aborto Clandestino: uma Realidade Latino-Americana", no qual são relatados 1.443.350 abortos clandestinos no Brasil por ano e 384.890 internações de mulheres na rede pública em consequência direta de complicações desses abortos clandestinos."
Thomaz Rafael Gollop, diretor do Instituto de Medicina Fetal e Genética Humana de São Paulo (São Paulo, SP)

Poluição em São Paulo
"O ar de São Paulo está cada vez mais irrespirável. Não se pode pôr a culpa da poluição apenas na falta de chuva. A total falta de fiscalização, por parte da prefeitura, dos ônibus clandestinos e caminhões desregulados só enfatiza o absurdo descaso pela nossa condição humana (só pensam em fazer obras antimendigo). A deterioração do sistema de transporte público perpetrada pela atual prefeitura contribui para que mais carros circulem produzindo mais poluentes. Enquanto isso, o nível de nossas represas está baixando assustadoramente e não há nenhuma preocupação por parte dessa administração em incentivar a população a economizar água."
Marina MacRae (São Paulo, SP)

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