São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasília tem o dia mais seco de sua história

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ontem foi o dia mais seco dos 34 anos de história de Brasília: a umidade relativa do ar chegou a 8%, às 15h, na estação meteorológica da Aeronáutica, no Aeroporto Internacional.
Pelos dados do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a umidade chegou a 11%, entre 13h e 15h. Esse também é um recorde negativo: o menor índice, 12%, tinha sido registrado no dia 3 de setembro do ano passado.
Por causa da seca, Brasília praticamente parou ontem à tarde. Todo o funcionalismo público federal foi dispensado, por decisão do Gabinete Civil da Presidência da República. Na Esplanada dos Ministérios só funcionaram os gabinetes dos ministros e dos assessores.
A dispensa dos funcionários públicos também vale para hoje e pode ser estendida para segunda e terça-feira, sempre à tarde, quando a umidade relativa do ar cai a níveis considerados "prejudiciais à saúde humana", segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde).
Os funcionários públicos do GDF (Governo do Distrito Federal) estavam dispensados do trabalho desde anteontem. Pela decisão do governador Joaquim Roriz (PP), os funcionários só trabalharão na parte da manhã até terça-feira.
Todos os alunos, das escolas públicas e particulares, também foram dispensados das aulas.
A previsão do Inmet é de que a umidade do ar registre um pequeno aumento hoje.
A baixa umidade, associada ao forte calor –33,6%–, fez com que aumentassem os focos de fogo no mato e os atendimentos hospitalares, especialmente de crianças.
A decisão do governo de dispensar os funcionários públicos desagradou ao PT porque teria prejudicado um comício de Luiz Inácio Lula da Silva.
O candidato à Presidência pelo PSDB, Fernando Henrique Cardoso, disse que quer voltar logo para São Paulo porque não aguenta mais o clima seco de Brasília.
"Estou indo hoje à noite (ontem) porque estou dormindo mal e tendo dores de cabeça."
"Eu me sinto melhor no clima de lá", disse ontem à Folha o embaixador do Egito no Brasil, Abdel Wahab, referindo-se ao deserto do Saara, que registra umidade relativa do ar de 12%, em média.
"Lá no Saara, a temperatura pelo menos fica mais baixa à noite –aqui em Brasília, não", disse.

Texto Anterior: Caiapós expulsam mil garimpeiros de reserva
Próximo Texto: Fogo destrói vagões de trem em SP
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.