São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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Hibernação eleitoral

JOSIAS DE SOUZA
DIRETOR-EXECUTIVO DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Fernando Henrique decidiu hibernar. A 17 dias do primeiro turno, quer distância de confusão.
O candidato tucano tem sido vítima de pequenos azares. E decidiu fugir do risco.
Ele vai reprogramar as viagens, excluindo do roteiro cidades onde já esteja bem posicionado nas pesquisas.
Irá também limitar a busca por novos aliados. Suas últimas investidas foram um fracasso. Está especialmente intrigado com o caso do Rio Grande do Sul.
Candidato favorito ao governo gaúcho, Antônio Britto começou a perder terreno para Olívio Dutra, do PT. Justo depois de ter declarado apoio a Fernando Henrique.
Levantamentos do comitê tucano indicam que a queda de Britto contamina o próprio Fernando Henrique, que perdeu alguns pontos entre os gaúchos.
Outro caso que assustou o candidato foi o de Antônio Mariz, que concorre ao governo da Paraíba.
Mariz é aliado de Humberto Lucena e seu apoio, prometido a Fernando Henrique, deixou de ser interessante.
Novas adesões de políticos, só depois de muita análise. Decidiu-se dar prioridade para a divulgação de apoios menos arriscados, na área artística.
Paulo Henrique, filho do candidato, prepara uma festa em que a nata do meio artístico emprestará prestígio ao tucano.
A lista inclui personagens como Fernanda Montenegro, Regina Duarte e os ex-brizolistas Gil e Caetano.
A assessoria tucana acha que Fernando Henrique não deve sequer polemizar com Lula, seu principal rival.
Baseados em pesquisas, seus auxiliares avaliam que o eleitorado não quer ouvir bate-boca.
Aliás, construiu-se no comitê de Fernando Henrique a tese de que um dos erros de Lula foi o de ter priorizado o ataque, em detrimento da venda de idéias.
O PT teve no caso Ricupero sua melhor chance de retomar o lugar de vítima. Mas não conseguiu.
Restou-lhe a manutenção do papel de franco-atirador, reservado em 89 a Fernando Collor.
A diferença é que Collor, quando atacou, atingiu Lula em cheio. O caso Miriam Cordeiro deixou-o psicologicamente abalado.
Lula, supremo azar, tem errado a maioria dos tiros. Quando acerta, atinge o alvo errado. O real, por exemplo.

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