São Paulo, sexta-feira, 16 de setembro de 1994
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Banco do Brasil vai financiar banco estadual

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA ; CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco do Brasil vai centralizar as operações de assistência ao Banespa, que tem enfrentado dificuldades na captação de dinheiro para financiar os títulos da dívida do Estado.
Os recursos com os quais o BB apoiará o Banespa virão do mercado. O BB captará dinheiro junto aos demais bancos e o repassará ao Banespa.
Até aqui, o Banespa vinha se financiando junto a um grande banco privado, pagando juros acima da taxa de mercado. Mas esse grande banco reduziu o montante de financiamento na última terça-feira.
Ontem, depois de reunião com diretores dos bancos privados diretamente envolvidos na história, o Banco Central decidiu passar ao Banco do Brasil, através de sua Gerência de Operações Financeiras (Gerof), o papel de apoiar o Banespa.
Até aqui, a Gerof assistia todos os demais bancos estaduais. Ao captar dinheiro, a Gerof paga taxa de juros um pouco acima do que remuneram os títulos federais e um pouco abaixo do que remumeram os títulos estaduais.
Assim, encontrou-se uma solução de mercado, que não obriga o BC a colocar mais dinheiro em circulação. Os bancos privados terão interesse em emprestar para a Gerof, para receber juro maior do que o dos títulos federais.
E o Banespa pagará, pelo financiamento da Gerof, menos do que vinha pagando no mercado interbancário. O BB ganha a diferença de taxa e terá de captar, no mercado, os recursos necessários.
Consultado ontem à noite, o presidente da Federação Brasileira de Bancos, Alcides Tápias, disse que a solução encontrada pelo BC foi muito boa.
Na última terça-feira, o Banco Central havia promovido uma operação de troca de títulos com o Banespa, para ajudar este banco a continuar administrando a dívida do governo paulista.
Outros bancos estaduais, entre os quais o Banerj, também se beneficiaram com essa troca.
Agora, com a solução encontrada para o financiamento do próprio Banespa normalizou-se a situação do mercado financeiro.
"Nós enfrentamos uma crise de boatos que não tinham consistência", disse o presidente do Banespa, Carlos Augusto Meinberg. Segundo ele, a crise não teve maior consequência. Ontem vencia um lote de R$ 44 milhões em CDBs e "nós captamos R$ 49 milhões'.
Meinberg disse ter passado toda manhã em Brasília reunido com o presidente do Banco Central (BC), Pedro Malan. "Discutimos muito a proposta de securitização da dívida".
Ele considerou a solução encontrada "perfeita, sadia, que mostra a qualidade de gestão das instituições e da autoridade monetária" e afirmou que a preocupação do Banespa foi a de evitar "uma política predatória de taxas".

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