São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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Heróis

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Michael Schumacher causou um reboliço no mercado de pilotos nesta última semana. A notícia de que seu contrato com a Benetton estava sendo reestudado pelas partes envolvidas empacou todas as outras negociações para a próxima temporada.
De US$ 8 milhões por ano, o alemão passaria a ganhar o dobro em 1995. Sem falar que já receberia um bolada para conquistar o título nas últimas três provas do campeonato.
Flavio Briatore, o capo da Benetton, teve que esgrimar com Willi Weber, empresário do piloto. A reputação dos dois não é das melhores.
Enquanto o italiano, antes da F-1, teve que sair às pressas dos Estados Unidos, envolvido na máfia das corridas de cachorro, Weber ocupou as páginas dos jornais alemães no ano passado acusado de ser proprietário de bordéis.
À época, Schumacher saiu em defesa de seu empresário afirmando "sua total confiança" no amigo. Weber se defendeu dizendo que era o dono de vários imóveis e que não tinha controle sobre as atividades de seus inquilinos.
Seja como for, o nome de Weber é um dos que encabeçam a lista de raposas que tomaram de assalto a F-1 nos últimos anos: os "managers", eminências pardas dos pilotos.
Esses, por sua vez, se tornaram criaturas assépticas. Preparados para lidar com a imprensa, falam pouco e, quando falam, soltam amenidades ou fazem brincadeiras tolas.
Atitudes como a de Jean Alesi, em Monza, são cada vez mais raras. O francês, indignado com o desempenho de sua Ferrari, jogou as luvas no volante da marca "Momo", estampada com a figura do cavalinho.
O ato foi considerado uma heresia para a escuderia, torcida e imprensa italianas. E pode até reverberar no contrato do piloto para a próxima temporada.
Alesi foi humano. Tinha a chance de sua vida para obter a primeira vitória em dez anos de carreira, dissipada quando seu câmbio não engatava a primeira marcha.
Esperar o mesmo de Schumacher, ou de um Damon Hill, é inútil. Bem assessorados, engolem seco e mantêm o sorriso amarelo.
Os dirigentes da F-1 vêm fazendo de tudo para manter o interesse da categoria. Bernie Ecclestone, no último fim-de-semana, trouxe até Silvester Stallone para a pista.
Mas são heróis de verdade, como Senna, Prost, Lauda e Fangio, que salvarão a categoria.

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