São Paulo, sábado, 17 de setembro de 1994
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Todos responsáveis

Luciano Mendes de Almeida

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
SOMOS RESPONSÁVEIS PELO BEM DE TODOS E DE CADA UM.

Este é o ensinamento constante da Igreja, reafirmado pela palavra do papa João Paulo 2º. Os cristãos não podem abdicar da participação na política, ou seja, na variada ação que promove orgânica e institucionalmente o bem comum. O que está na raiz do exercício da cidadania e da participação política é o espírito de serviço e solidariedade que nos leva a promover os direitos e deveres de todos e de cada um.
Esta participação política ativa e responsável inclui que elementos?
1) O exercício consciente e livre do direito e dever de votar. Quem anula ou desperdiça seu voto perde a ocasião de contribuir para a transformação do país a fim de que seja justo e solidário. Vender o voto a troco de vantagens pessoais é fomentar a corrupção.
2) Votar corretamente significa empenhar-se para escolher –a nosso discernimento– o candidato mais capaz de agir de modo honesto, competente e comprometido com o bem de nosso povo.
3) Entre os critérios básicos para esta correta escolha não podem faltar ao candidato cristão:
– a decisão de esforçar-se para superar a fome e miséria de 32 milhões de brasileiros excluídos dos benefícios da vida digna, o que implica a luta contra o analfabetismo, a violência, o desemprego e o alastramento de doenças;
– a defesa da vida humana, desde a concepção;
– a promoção de princípios morais que salvaguardam o matrimônio, a família e o desempenho na atividade profissional e nos serviços públicos;
– a multiplicação de oportunidades de trabalho com adequado salário para que cada um possa prover o próprio sustento e de sua família.
4) Tendo em vista o anseio por uma ordem econômica e social justa, é preciso apoiar candidatos que assumam as causas mais urgentes: a) a garantia para todos de condições de educação e saúde; b) a reforma do solo urbano, de modo a oferecer moradia digna, incluindo água tratada e serviços de esgoto; um programa agrário e agrícola, adequado às regiões, que permita trabalhar a terra, com apoio técnico e financeiro, melhorando, assim, a situação das áreas rurais; d) o empenho para a democratização da comunicação, assegurando que os meios de comunicação sigam critérios eticamente aceitáveis.
5) Haja, também, nos cidadãos o compromisso em lutar contra o trabalho escravo, em defender os direitos dos povos indígenas, em reformar o sistema carcerário e em atender aos "povos da rua", com particular atenção aos meninos e meninas.
Nestas semanas que faltam até o dia 3 de outubro, precisamos todos cooperar a fim de que o processo eleitoral respeite as exigências éticas e as normas estabelecidas, assegurando a imparcialidade dos meios de comunicação –evitando a manipulação da opinião pública.
Nossa corresponsabilidade deve se expressar, em especial, na oração pelo Brasil, pedindo a Deus luz e força para que todos –eleitores e eleitos– assumamos com vigor nossa missão nesta hora de grande decisão.
No dia 25 de setembro, estamos convocados para orarmos juntos, nas famílias e comunidades, pela pátria.
D. Luciano Mendes de Almeida escreve aos sábados nesta coluna.

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