São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994
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No Rio, FHC realiza culto evangélico

EMANUEL NERI; FERNANDA DA ESCÓSSIA
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Durante quase duas horas, Fernando Henrique Cardoso participou ontem de um ato evangélico. Acompanhado do pastor batista Nilson do Amaral Fanini, leu salmos da Bíblia e pediu que Deus abençoe o Brasil.
O ato religioso foi realizado no Rio, na casa de Paulo Henrique, filho do candidato do PSDB à Presidência. FHC leu o Salmo 121 e o capítulo 13 da Carta aos Romanos, no qual São Paulo fala que toda autoridade é de bem.
O candidato ganhou uma Bíblia de Fanini, que também preside a Convenção Batista Brasileira e a Aliança Batista Mundial. O pastor estava acompanhado de dois outros pastores –Rubens Tavares e Luiz Soares, ambos do Rio.
Foi de FHC a iniciativa de convidar Fanini para o ato. Sua mulher, Ruth, e sua nora, Ana Lúcia, também participaram do culto.
Segundo Fanini, Ana Lúcia, casada com Paulo Henrique e filha do banqueiro Magalhães Pinto, é batista. O pastor disse que seu encontro com FHC não representa declaração de voto.
Na campanha para prefeito de São Paulo, em 1985, FHC deixou dúvidas sobre sua religiosidade Esse foi um dos motivos apontados para a sua derrota para Jânio Quadros.
"Respeito a religião do povo e, na medida que respeito as várias religiões do povo, estou automaticamente abrindo uma chance para a crença em Deus", afirmou FHC em 85, durante um debate de TV.
Na atual campanha, o tucano tem feito questão de citar Deus em suas declarações. Ontem, antes das orações, ele invocou mais de uma vez o nome de Deus para responder perguntas de jornalsitas.
O Salmo 121, lido por FHC, diz: "Elevo os meus olhos para os montes de onde me virá o socorro. Meu socorro vem do Senhor que fez os céus e a terra. Ele me guardará de todo o mal, hoje e para sempre".
Mortos
Ontem, o presidenciável também participou de almoço em homenagem a Arthur da Távola, candidato ao Senado pelo PSDB do Rio. esteve ainda em Araruama (114 km ao norte do Rio) e se encontrou à noite com um grupo de artistas que manifestou apoio à sua candidatura.
No almoço, FHC causou uma "saia justa" com apoiadores do senador Nelson Carneiro (PP), candidato à reeleição pela coligação com o PSDB no Rio.
Carneiro tem 88 anos e enfrenta problemas de saúde. O tucano disse que "muita gente diz que o Senado é como o céu". Segundo ele, "não é preciso estar morto para estar lá (no Senado), embora muitos pareçam que estejam mortos".
A frase foi considerada infeliz. Sua leitura foi entendida até por amigos do presidenciável como sendo uma referência ao senador Carneiro, que disputa com Távola a segunda vaga ao Senado pelo Rio –a primeira deve ficar com Benedita da Silva (PT).
A Folha não conseguiu falar com Carneiro. William Prado, seu assessor, disse que ele estava viajando. Pimenta da Veiga, presidente do PSDB, afirmou que FHC se referia a "pessoas ineficientes" ao falar de senadores "mortos".

Colaborou FERNANDA DA ESCÓSSIA, da Sucursal do Rio

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