São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994
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Juiz manda quebrar sigilo de 'fantasmas'

FLÁVIA DE LEON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O juiz Pedro Paulo Castelo Branco Coelho, da 10ª Vara Federal de Brasília, determinou ontem a quebra do sigilo de cinco contas consideradas "fantasmas".
Dois "fantasmas" são suspeitos de terem sido usados para financiar a campanha do governador de Pernambuco, Joaquim Francisco: Carlos Souto e Ana Maria Terra.
Contas bancárias são chamadas "fantasmas" quando os documentos usados para a sua abertura contêm nomes ou números falsos.
Os dois são titulares da conta conjunta nº 25245-2 na agência Boa Viagem do banco Itaú em Recife (PE).
Os outros são João Gomes de Oliveira, que é titular da conta corrente nº 003.204.693 da agência Conde de Boa Vista do banco Econômico em Recife (PE), Marcos de Aquino Bauer, conta nº 18542-6 na agência 0542 do banco Itaú em Brasília e Albertino Muniz Bonfim, conta nº 003.206771-2 na agência Brasília do banco Econômico.
A PF (Polícia Federal) encontrou estes fantasmas no inquérito sobre Paulo César Farias, acusado de crime de corrupção contra a administração pública.
A PF e a própria Justiça acreditam que essas contas tenham beneficiado políticos, já que PC declarou ter destinado mais de US$ 20 milhões para campanhas eleitorais.
O senador Marco Maciel (PFL-PE), vice na chapa de Fernando Henrique Cardoso, pode ter se beneficiado por dinheiro que teria sido remetido para financiar a campanha de Joaquim Francisco.
O ex-diretor do Detran de Pernambuco, Fábio Catão, disse em entrevista à revista "Veja" que ia frequentemente à agência do Itaú, onde estão as contas "fantasmas", para sacar dinheiro e pagar despesas de Maciel.
Prazo de 15 dias
A quebra do sigilo, no entanto, não terá efeito prático sobre o primeiro turno da eleição.
Somente com os documentos é que a PF poderá relacionar Joaquim Francisco ou Marco Maciel com os "fantasmas" e com PC.
O Banco Central, que deverá fornecer a documentação à polícia, tem o prazo de 15 dias para cumprir a determinação do juiz.
O procurador da República Odim Ferreira, autor do pedido de quebra do sigilo, acredita que os documentos começarão a ser enviados em uma semana.
Depois de chegar às mãos do delegado Paulo Lacerda, que conduz a investigação do esquema PC, Ferreira vai receber relatos do que a polícia encontrar.
Se abrir novos inquéritos, Lacerda terá 30 dias para concluir cada um. Enquanto isso, a procuradoria não poderá denunciar nenhum envolvido.

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