São Paulo, quarta-feira, 21 de setembro de 1994
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Olho no Congresso; Investigação de Ciro; O peso da cidadania; Gráfica do Senado; Lula ou revolução; Mais esporte

Olho no Congresso
"A Folha utilizou critérios questionáveis ao elaborar o caderno Olho no Voto (18/09) para analisar a atuação parlamentar da atual legislatura da Câmara Federal. O principal deles foi computar somente as presenças em plenário, não levando em conta os trabalhos nas comissões. Eu, por exemplo, nas CPIs do Collor/PC Farias e do Orçamento, dediquei 180 dias (seis meses) ininterruptos, sem sábados, domingos e o Natal, trabalhando mais de 12 horas por dia e varando madrugadas nos momentos de maior exigência. Minha presença está registrada nessas comissões. Só comparecia ao plenário para votações de matérias relevantes, convocado pela liderança partidária. Outro equívoco foi classificar como ausência a tática de obstrução, como nas matérias sobre reajuste salarial dos deputados, conceito de empresa nacional ou na votação de emendas ligadas à revisão constitucional. A obstrução é legítima e a única iniciativa possível que as forças minoritárias têm para evitar a aprovação de projetos que contrariem os interesses gerais da população. Por fim, por sermos uma bancada minoritária, não temos força para tomar medidas legislativas. Por isso é que representantes de partidos minoritários não têm praticamente nenhum projeto aprovado. Nossa única possibilidade é emendar projetos do Executivo ou da maioria. No meu caso, consegui aprovar emendas relevantes à lei dos portos, à nova lei de informática, à lei de licitações públicas, aos planos econômicos, à LDO, ao Plano Plurianual, ao novo Estatuto dos Povos Indígenas, à Lei Rouanet, à política tributária. Creio que, se fossem observados critérios mais rigorosos de apuração, a Folha teria publicado um caderno mais fiel à atuação parlamentar. Lamentavelmente, a publicação deixou transparecer total desconhecimento da vida e do processo legislativo."
Aloizio Mercadante, deputado federal pelo PT-SP (São Paulo, SP)

"Fiquei muito decepcionada com a atuação do deputado Fábio Feldmann, conforme o suplemento Olho no Voto. Piorou muito meu conceito sobre ele ao ler sua carta publicada ontem no Painel do Leitor, onde critica os critérios usados por este jornal para indicar o desempenho dos parlamentares. Pelos indicadores de Olho no Voto, ele foi o segundo maior gazeteiro entre os deputados de São Paulo, faltando a 53,07% das sessões do plenário. Infelizmente, não faltou quando votou pelo reajuste de seu próprio salário nem quando votou pelo aumento de IR para pessoa física (é claro que nós, os brasileiros da Somália, precisamos pagar mais impostos para que os brasileiros da Suíça possam viver melhor) nem quando votou contra o salário mínimo de US$ 100. Esteve presente, também, quando votou contra o fim do voto obrigatório, o que nos obriga a comparecer às urnas e eleger, mais uma vez, os representantes das causas próprias."
Dorothea Piratininga (São Paulo, SP)

"O deputado Fábio Feldmann teve aprovados, pelo menos, seus projetos da Lei do Abuso Econômico (antitruste), tão bem debatida na Folha, e da Lei do Controle da Poluição de Automóveis, estando ausente do Congresso por ter sido candidato à Prefeitura de São Paulo e, sobretudo, por ter trabalhado para trazer para o Brasil –e depois organizar– a Eco-92, pelo que juristas de todo o mundo, no simpósio 'O Cidadão e os Direitos Ecológicos', lhe outorgaram, no fórum global, diploma pela 'histórica defesa do meio ambiente', além de ter sido o pai do capítulo do meio ambiente da Constituição."
Carlos Joly, biólogo e professor da Unicamp, Renato Guimarães Jr., professor da Unicamp, Gustavo Gandolfo, presidente do Instituto Rodrigo Octávio; seguem-se mais seis assinaturas (Campinas, SP)

Investigação de Ciro
"Nota publicada ontem na coluna Joyce Pascowitch está incorreta. Ela informa que estive em Fortaleza, como enviado especial do candidato Orestes Quércia. Missão: investigar a vida do ministro Ciro Gomes. Estive, de fato, em Fortaleza. Fui convidado pela diretoria de um grupo empresarial para proferir uma palestra sobre o plano de estabilização. Cheguei no dia 5/09 à noite e voltei no dia seguinte, no final da tarde. Além disso, e mais importante: o ex-governador Orestes Quércia jamais me pediria semelhante torpeza. E eu nunca aceitaria o encargo abjeto e desprezível de difamar e caluniar."
Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo (São Paulo, SP)

O peso da cidadania
"Venho acompanhando com crescente indignação, através da Folha, as diversas etapas do processo judicial movido contra o professor Roberto Romano –a quem tenho especial apreço, não só por seu papel independente de atento crítico do poder, como pelo seu vivo interesse pela questão ambiental. Em sua coragem solitária, o professor Romano, através de seus artigos, cumpre a missão de inspirar em nós o desejo de sermos cidadãos de primeira classe. Precisamos sensibilizar os juízes que deverão julgar o professor Romano. Devemos mostrar aos magistrados que somos um outro país, que temos uma outra cara, de quem sentiu e descobriu o peso da cidadania."
Beruja Correia de Souza (São Paulo, SP)

Gráfica do Senado
"A Folha, em sua edição de 15/09, publica reportagem incluindo-me entre os parlamentares que teriam se utilizado da gráfica do Senado para impressão de material de propaganda política, no caso, cadernos escolares. Gostaria de esclarecer que tal reportagem colide frontalmente com a verdade, visto que o deputado Jonas Pinheiro (PFL-MT), jamais se utilizou da gráfica do Senado para impressão de cadernos escolares. Certamente, este jornal cometeu falha na identificação."
Jonas Pinheiro, deputado federal pelo PFL-MT (Brasília, DF)

Nota da Redação – Leia a correção na seção Erramos abaixo.

Lula ou revolução
"O sr. Florestan Fernandes escreveu, na Folha do dia 16/09, que a candidatura FHC 'exigiu composições partidárias esdrúxulas que envolvem um retorno à República Velha' e que a opção atual é a 'democracia autêntica' (a do PT) 'ou revolução'. O sr. Florestan esquece que o PT não tem condições de defender a 'democracia autêntica' aliado aos ex-guerrilheiros do PC do B. Por outro lado, não fica bem para um 'democrata autêntico', deputado e professor universitário, fazer a ameaça: ou Lula ou a revolução."
Carlos Ilich Santos Azambuja (Rio de Janeiro, RJ)

Mais esporte
"A cobertura esportiva da Copa 94 foi ótima. O mesmo não posso dizer dos eventos subsequentes, como: copas européias, Eliminatórias da Eurocopa 96, Supercopa Sul-Americana, campeonatos Europeu e Mundial de Vôlei."
José Arthur Barroco (Manaus, AM)

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