São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Primeiro hominídeo tinha 1,30 m de altura

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O recém-descoberto ancestral humano, de 4,4 milhões de anos, tinha cerca de 1,30 m de altura e idade entre 20 e 30 anos.
Os fósseis representam uma nova espécie, batizada de Australopithecus ramidus, e são os mais antigos jamais descobertos da linhagem do homem.
Os cientistas da equipe internacional que descobriu os fósseis, na África, acreditam que o hominídeo possa ser o elo perdido que une o homem ao macaco moderno.
O novo australopiteco pode ser o ancestral humano que, fisicamente, mais se assemelha aos macacos.
Os fósseis –dentes, fragmentos de crânio, de mandíbula e de um braço– foram encontrados perto do vilarejo de Aramis, em Awash Médio, a 230 km de Adis Abeba, na Etiópia. A descoberta está relatada na edição desta semana da revista }Nature.
O australopiteco recebeu o "sobrenome" ramidus, que significa "raíz" no dialeto de nômades que viviam na região.
O nome se refere à raíz comum da árvore evolutiva do homem e do macaco.
Entre 5 milhões e 4 milhões de anos atrás, esse homem-macaco originou duas linhagens evolutivas. Uma, da qual não há fósseis, leva ao macaco moderno. A outra, ao homem e a algumas outras espécies já extintas (veja figura ao lado).
Os mais antigos fósseis da linhagem humana eram os australopitecos da espécie afarensis, cujo representante mais ilustre é um hominídeo apelidado de Lucy, de 3,2 milhões de anos.
Lucy, aliás, foi encontrada a poucos quilômetros de seu antepassado ramidus.
Não havia evidências de que a linhagem de Lucy estava ligada ao tronco comum às duas linhagens.
Os novos fósseis, embora não sejam uma prova definitiva, podem ser a ponte entre os australopitecos semelhantes a Lucy e o ancestral comum.
"A descoberta representa um grande passo em direção ao ancestral comum da teoria de Darwin, que diz que o ser humano evoluiu de um macaco africano", disse Berhane Asfaw, um dos autores da descoberta.
Para Tim White, co-autor do trabalho, esses fósseis somados a estudos sobre a semelhança entre moléculas de vários fósseis, deixam claro que "Darwin estava certo, os humanos evoluíram do macaco africano".
Uma das características mais marcantes dos fósseis está nos dentes, que são, segunto White, suficientes para caracterizar uma nova espécie.
Mas, apesar de inferir várias informações sobre o novo hominídeo, os cientistas que realizaram a descoberta não sabem se a espécie andava sobre duas pernas, como o homem, ou vivia em árvores.
"Algumas formações ósseas em um ponto de articulação do crânio com a espinha fazem a gente pensar nas características de um ser humano que caminhava em pé", disse Asfaw.
"O fóssil indica também que a anatomia do sujeito devia ser muito semelhante a do chimpanzé, com alguns detalhes humanos."
Seria necessário descobrir fósseis de membros inferiores dos A.ramidus para saber como esses hominídeos andavam.

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