São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 1994
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Um tiro na corrupção sistêmica

LUÍS NASSIF

A comissão que apura os desmandos na administração pública tem duas vertentes. A primeira, do exame casuístico de denúncias, com apuração de responsabilidades, punições. É a que mais rende manchetes.
A segunda é a radiografia do circuito de corrupção, identificando os mecanismos da corrupção sistêmica, como subsídio para propostas de alterações estruturais. É a que mais rende mudanças.
No último relatório preparado, o primeiro setor a ter seu circuito de golpes esmiuçado é o Ministério dos Transportes, particularmente esse foco conhecido e até intocado de corrupção chamado de Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER).
A comissão detectou que praticamente todas as licitações já apresentavam preços de referência superfaturados. As empreiteiras não ligadas ao esquema faziam suas propostas tomando por base essa referência. Mas em muitos casos a proposta vencedora saía por apenas 60% do valor.
Além disso, alegando problemas de limitações salariais do funcionalismo público, o DNER procedeu a uma terceirização torta, que acabou colocando sob controle das empreiteiras serviços que, teoricamente, deveriam servir de parâmetro para sua atuação. Via consultorias independentes, as empreiteiras tomaram conta de tudo, dos preços, dos critérios de fiscalização etc.
Em cima dessa radiografia, há a proposta de reestruturação do sistema.
Luz amarela
Dados do fax diário "Dinheiro Verde", sobre o desempenho do mercado agropecuário nos últimos 30 dias: 1) café: altas entre 16% a 31%; 2) boi gordo: alta entre 3,19% a 7,58% (dependendo da praça) com tendência de continuar a subir; 3) milho: aumentos entre 3,8% a 5% em quatro dias; 4) arroz: alta entre 3,62% a 14% em 30 dias; 5) suíno: altas superiores a 20% em 30 dias; 6) algodão: alta média de 3,62%.
Entre os produtos acompanhados pela publicação, apenas o feijão se manteve estável no período.
O helicóptero do bicho
Em 1982, no início da campanha de Orestes Quércia para governador, sua assessoria recebeu proposta de cessão de um helicóptero. A proposta foi recusada depois que se descobriu que o proprietário do helicóptero era o bicheiro Ivo Noal.
O autor da proposta foi o delegado José Luiz Solheiro, que integra a campanha para o senado de seu colega Romeu Tuma.

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