São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994
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Equipe desenrola DNA em gota d'água

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Um novo método de desenrolar as fitas de DNA, mais rápido e barato que anteriores, vai acelerar o mapeamento dos genes humanos, disseram cientistas franceses.
A técnica é tão simples que "não é necessário um PhD" para realizá-la, segundo Aaron Bensimon, do Instituto Pasteur, em Paris, e um dos autores do trabalho, publicado hoje na revista americana "Science".
Segundo Bensimon, o método vai resolver um dos grandes problemas que os pesquisadores que trabalham no projeto Genoma têm: esticar e "achatar" a dupla hélice formada por duas fitas paralelas e torcidas de DNA.
Só com as fitas desenroladas é que eles podem fazer o sequenciamento de moléculas que formam os genes que compõem o DNA.
Os cientistas do Instituto Pasteur e da Escola Superior Normal, em Paris, mostram que para esticar o DNA, basta colocá-lo em uma gota d'água sobre uma placa coberta com uma substância especial que tem a propriedade de atrair partes do DNA.
Depois, é só colocar uma espécie de placa de vidro sobre a gota, esmagando-a.
Quando a água tiver evaporado, o DNA vai estar achatado e ligado à substância química.
"Você não precisa de tecnologia sofisticada, e os resultados são facilmente reproduzíveis", disse Bensimon.
"Qualquer um pode fazer isso. Você não precisa de um PhD para deixar a água evaporar".
Para fazer o sequenciamento das bases –grupos de moléculas especiais que formam os "tijolos" da fita de DNA– os cientistas têm empregado técnicas às vezes dispendiosas e demoradas.
Entre elas, o uso de campos magnéticos, de correntes de água e de tecnologias conhecidas como "pinças ópticas".
Os pequisadores realizaram as experiências com o DNA de uma bactéria comum, a Escherichia coli, mas eles dizem que já estão trabalhando com DNA humano.
Esse número de pares de bases representa cerca de um quarto do material genético da bactéria.
Teste de Aids
Bensimon disse que sua equipe está aplicando a técnica para desenvolver um novo teste diagnóstico para vários vírus, inclusive o que causa a Aids, o HIV.
O teste se basearia no fato de que, na infecção, o vírus insere seu material genético no meio da fita de DNA das células.
Os cientistas pretendem achatar normalmente trechos do DNA humano, mas com a diferença de que a substância química sob a gota d'água vai ter a propriedade de atrair apenas as sequências genéticas provenientes do vírus.
Em seguida, os cientistas enxaguariam a placa, removendo todo o DNA suspenso na gota d'água. Apenas os genes virais, presos à substância química, restariam.
Após serem tratados com uma substância fluorescente, os pedaços do vírus se tornariam visíveis a um exame de microscópio.

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