São Paulo, sexta-feira, 30 de setembro de 1994
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Tráfico pode ter assassinado Ruiz

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Os cartéis do narcotráfico apareceram ontem como os principais suspeitos pelo assassinato do secretário-geral do Partido Revolucionário Institucional (PRI, governista), José Francisco Ruiz Massieu, 48, ocorrido quarta-feira no centro da Cidade do México.
Só ontem à noite foi confirmada a identidade do assassino, preso minutos depois de atirar em Ruiz na avenida Paseo de la Reforma.
Anteontem, depois do primeiro interrogatório, a polícia o identificou como "Joel ou Héctor Resendiz". Ele seria natural de Acapulco, no Estado de Guerrero (sul do país), onde Ruiz foi governador.
Ontem, porém, o jornal "El Nacional", do governo, revelou que o assassino é David Aguilar Treviño. Ele seria ligado à família Resendiz, de Acapulco, suspeita de operar no narcotráfico. A polícia confirmou a identidade mais tarde.
Segundo testemunhas, o assassino não agiu sozinho. Jornais mexicanos afirmaram que ele recebeu US$ 15 mil para matar Ruiz, cujo corpo foi cremado ontem.
O jornal "Reforma" disse em editorial que não é coincidência o fato de o irmão de Ruiz, Mario, ser o subprocurador da República encarregado de combater o tráfico.
Os cartéis da droga são os principais suspeitos dos assassinatos de Federico Benitez, chefe da polícia de Tijuana (norte), em abril, e do cardeal Juan Jesús Posadas, em maio de 1993 em Guadalajara.
A mesma suspeita recai sobre o assassinato do candidato do PRI à Presidência Luis Donaldo Colosio, em 23 de março deste ano em Tijuana. Os jornais mexicanos observaram a semelhança entre aquele crime e o desta semana, ambos cometidos à luz do dia com a ajuda de cúmplices que desapareceram.
Tanto Colosio como Ruiz –que seria líder do PRI na Câmara a partir de 1º de dezembro, com a posse do presidente eleito Ernesto Zedillo– eram considerados reformistas dentro do partido que governa o México desde 1929.
"Pode-se especular sobre os motivos dos narcotraficantes, mas também há grupos tentando impedir mudanças no sistema político para manter sua hegemonia", comentou o escritor Carlos Fuentes.

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