São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Covas deve parcelar salários e demitir

DA REPORTAGEM LOCAL

O tucano Mário Covas assume hoje o governo de São Paulo preocupado em recuperar as finanças do Estado, que tem hoje uma dívida de R$ 31 bilhões.
A partir de amanhã, Covas comanda uma "drástica" redução de gastos -como define o futuro secretário da Fazenda, Yoshiaki Nakano.
Essa redução prevê a paralisação de obras executadas pelo Estado, cortes de pessoal, parcelamento de pagamentos e um "choque de eficiência" na gestão das empresas estatais.
Nakano diz que a situação financeira do Estado é tão crítica que nem mesmo o pagamento do funcionalismo, em janeiro, está assegurado.
Como a arrecadação prevista até o dia 5 de janeiro não cobre o gasto de RS$ 600 milhões com funcionalismo, o pagamento pode ser parcelado em duas vezes.
Também a partir de amanhã, Covas tenta renegociar com o Banco Central a dívida do Estado com o Banespa, que chega hoje a US$ 8 bilhões.
O tucano quer alongar de 12 para 20 anos o prazo para pagamento da dívida e a redução dos juros, que hoje oscilam em torno de 60% ao ano.
Posse
Três cerimônias vão marcar a posse e a transmissão de cargo ao governador eleito.
Elas foram concentradas na manhã e início da tarde para que Covas possa viajar a Brasília para assistir à posse do presidente eleito Fernando Henrique Cardoso (PSDB).
Covas mandou renovar seu guarda-roupa para as festas e os primeiros dias de seu governo. Ele encomendou ao seu alfaiate, Brasilino Tomasini, seis ternos e 30 camisas. Nos últimos quatro meses, Tomasini já lhe havia feito, sob medida, outros oito ternos. Cada terno feito pelo alfaiate custa cerca de R$ 700,00.
Na sua posse, segundo Tomasini, o governador eleito vai estar trajando um terno azul-marinho, de micro-fibra japonesa, uma camisa branca e uma gravata de seda mesclada de azul-claro e vermelho.
A primeira cerimônia vai acontecer a partir das 9h30 no plenário da Assembléia Legislativa do Estado, onde Covas e seu vice, Geraldo Alckmin Filho, participarão de uma sessão solene.
Eles farão as leituras de seus termos de compromissos constitucionais e serão declarados empossados em seus cargos.
Ao ler os termos de compromissos, os dois vão prometer respeitar as constituições federal e estadual e observar as leis no exercício de seus cargos. A sessão deve durar cerca de 40 minutos.
Logo depois, na frente da Assembléia, Covas vai participar de uma cerimônia militar. Ele vai receber a continência militar comandada por um oficial da Polícia Militar e passará em revista as tropas.
Durante o trajeto, seu carro será escoltado por batedores e pelos lanceiros do Regime de Cavalaria da PM.
Discurso
No Palácio, Covas fará um discurso para anunciar algumas das medidas que pretende adotar em seu governo e assinará o termo de posse de seus secretários. Às 14h, viaja a Brasília.
Durante a posse, os secretários de Covas podem anunciar os futuros presidentes de estatais, entre elas as chamadas "energéticas" (Eletropaulo, Cesp, CPFL e Comgás).

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