São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Padre reza só para brasileiros

ELVIRA LOBATO
DA ENVIADA ESPECIAL

Rapidamente, os brasileiros que vivem em Hamamatsu estão criando uma estrutura de serviços para atender a própria comunidade.
Nos últimos quatro anos, surgiram cinco restaurantes, quatro mercados e até uma danceteria, chamada Cristal, onde só se fala do Brasil.
Aos sábados, um padre dekassegui celebra missa em português em um galpão alugado no centro da cidade.
A maior empresa brasileira, que tem o surpreendente nome de "Servitu", ocupa quatro andares de um prédio no centro da cidade.
O proprietário, João Masuko, era empregado de supermercado em São Paulo. Hoje tem seu próprio supermercado no Japão.
A "Servitu" virou uma empresa de negócios variados: providencia registro de casamento, alistamento militar, certidão de nascimento e atestado de óbito, seguro de carro, aluguel de telefone, além de funcionar como uma central de distribuição de produtos brasileiros para vários pontos do Japão.
Masuko não revela o quanto ganha por mês, mas já está abrindo um novo negócio: a padaria "Servipão", com um padeiro levado do Brasil.
Nos mercados de brasileiros pode-se alugar fitas de vídeo com os capítulos das novelas que passaram no Brasil na semana anterior. As revistas semanais chegam com apenas três dias de atraso.
Vendem ainda farinha, carne seca, feijão e uma infinidade de itens importados do país, como mandioca congelada, massa para pastel e até cocadas.
O Banco do Brasil, que há um ano instalou um posto de serviço em Hamamatsu, descobriu um mercado para poupança e investimentos que não imaginava.
Os 20 mil brasileiros, somados, acumulam US$ 20 milhões em poupança por mês e todo o dinheiro ficava guardado em casa, porque eles não sabiam se movimentar nos bancos japoneses.
O posto de serviço passou a funcionar como uma espécie de consulado e ponto de encontro, onde se pode fazer amigos e ler os jornais brasileiros com uma semana de atraso.
(EL)

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