São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Pasta à mão dá mais segurança

DENISE CHRISPIM MARIN
DA REPORTAGEM LOCAL

Wilton Santos, 43, gerente da filial centro da Xerox, venceu uma compulsão que há anos o atormentava. Conseguiu se livrar do costume de carregar sua pasta de trabalho para onde quer que fosse –até mesmo em viagens de fim-de-semana e férias.
"Era uma paranóia", afirma Santos. "Eu ia a um restaurante no sábado à noite e levava a bendita pasta no carro."
A maioria dos executivos, entretanto, ainda se mantém presa a essa compulsão. Deixar o pequeno arquivo ao alcance das mãos a todo instante dá justamente o que eles precisam –segurança.
Jairo Gurman, 37, diretor financeiro da Semilog Componentes Eletrônicos, não foge à regra. Ele não desgruda da pasta de couro –comprada por reembolso postal por US$ 250– nem mesmo quando vai descansar em um sítio em Itu, no interior de São Paulo.
Há alguns meses, Gurman chegou em casa e notou que não trazia a pasta consigo. Ficou desesperado, procurou em todo o canto. Chamou a polícia. O problema foi uma falha de memória: havia esquecido a dita cuja no escritório.
"A pasta, para mim, é como um óculos para quem necessita deles", diz Gurman. "Preciso mantê-la comigo até mesmo quando não preciso trabalhar."
Em geral, as pastas oferecem um grau de versatilidade e funcionalidade que as tornam indispensáveis na rotina dos executivos.
Na maioria dos casos, fazem o papel de arquivos móveis, onde é possível carregar objetos e documentos pessoais e toda a sorte de material relativo ao trabalho.
Gavetas ambulantes, acabam se transformando em uma versão masculina das bolsas de mulheres –que também carregam as suas pastas, mas tendem a reservar seus espaços internos para materiais exclusivos do trabalho.
Assim que deixaram de ter a aparência de caixas pretas e ganharam outros estilos e materiais, as pastas acabaram revelando um pouco da personalidade e dos trejeitos do profissional.
"Elas se transformaram em símbolos de status", afirma Victória Bloch, 43, sócia da DBM do Brasil, consultoria especializada em recolocação de executivos.
Segundo ela, é possível fazer uma apreciação preliminar de um profissional apenas com a observação de sua pasta. "O executivo que traz uma surrada passa imagem de desleixo", diz Victória.

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