São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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Paris-Dacar tenta mudar para resgatar a 'aventura'

ANDRÉ FONTENELLE

ANDRÉ FONTENELLE; JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
DE PARIS

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
Paris-Dacar, Granada-Dacar ou simplesmente Dacar. O maior e mais perigoso rali do mundo faz hoje, no sul da Espanha, sua 17ª largada.
E depois de tantos anos, o chamado "rali da morte" procura resgatar sua principal característica, a aventura.
O francês Hubert Ariol, vencedor do Paris-Dacar duas vezes de moto e organizador da prova, é quem faz o apelo: "Acredito sinceramente que o Dacar ainda faz sonhar. Mas é essencial garantir sua credibilidade esportiva. Acho que, nesse ponto, há um princípio de incompreensão do público".
Ariol se refere à perda de interesse da competição nos últimos anos. Além das mortes, 31 em 17 anos, o uso de recursos como navegação por satélite desequilibrou a disputa.
Para evitar isso, a organização da prova terá uma equipe de reconhecimento. Com antecedência de 48 horas, o grupo fará os trechos repassando as informações colhidas para quem não tiver o auxílio dos computadores e satélites.
Outra medida, foi tornar público o lado "humanitário" da prova.
Segundos os organizadores, 10% do dinheiro arrecadado no rali são repassados para as cidades, em sua maioria vilas pobres, para a construção de poços artesianos.
Outro dado aponta que os médicos das equipes de resgate acabam cuidando mais das populações locais do que dos participantes.
Nada disso, porém, impediu as manifestações de protesto por parte de grupos ecológicos e de defesa dos direitos humanos.
Para amenizar a propaganda negativa, um esforço de marketing foi feito por toda a Europa. Além de em Paris, ocorreram largadas simbólicas em Bruxelas, Milão e Barcelona.
Nesta edição se repetirão os duelos de 94. Quatro Citroen ZX e três Mitsubishi Pajero deverão lutar pelas primeiras posições entre os carros.
O fabricante francês contará com os finlandeses Ari Vatanen (vencedor em 87, 89, 90 e 91) e Timo Salonen, o espanhol Salvador Servia e o atual detentor do título, o francês Pierre Lartigue.
Já os franceses Bruno Saby (vencedor de 93) e Jean-Pierre Fontenay, além do japonês Kenjiro Shinozuka, contarão com um novo motor de 350 hp para dar o título à Mitsubishi.
Em duas rodas, os favoritos são o francês Stephane Peterhansel (Yamaha) e o italiano Edi Orioli (Cagiva), reeditando a disputa do ano passado vencida pelo segundo.
Pela oitava vez, o Brasil será representado pela dupla Kléver Kolberg e André Azevedo (leia texto abaixo), que disputará o título da categoria maratona, disputada por motos de série.
O percurso foi bastante alterado. Serão 10.109 km, cruzando o Marrocos, o Saara Ocidental, a Mauritânia e a Guiné, finalizando no dia 15 de janeiro em Dacar, no Senegal.
O dia 8 de janeiro, conforme nova determinação da Federação Internacional de Automobilismo, será para descanso em Zouerat, na Mauritânia.
Além dos perigos naturais do deserto, problemas de ordem política podem surgir quando a caravana atravessar o Saara Ocidental, região em litígio disputada pelo Marrocos e a Frente Polisário.
Os organizadores já foram avisados que guerrilheiros podem interferir na prova em busca de espaço na mídia internacional.

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