São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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CARTA DE ERICO A CARO

SEGUE DESENHO DO APARELHO

Washington, Agosto.3.1953
Amigo Caro:
São 10 da noite e estou escutando Bach no meu high fidelity, que é uma combinação assim:

Creio que não é possível no momento conseguir coisa melhor. O som é perfeito. Não reconheci meus discos quando os toquei neste aparelho! Custou, montado, 700 dólares.
A semana passada encomendei (a 80 ou 90 cruzeiros o disco de 12") os últimos quartetos de Beethoven na nova gravação de Budapeste; os concertos de piano e orquestra de Mozart nºs 21 e 24; a "Elégie" de Fauré; os quartetos de Debussy, Ravel e Villa-Lobos (nº 6); três peças de Vivaldi e 3 de Bach. Um total de 20 discos.
Nossa casa de Upshen Street já está parecida com a da Felipe de Oliveira. Todas as semanas, nas noites de sexta ou sábado, os amigos aparecem para ouvir música, conversar e beber. E já substituí as horríveis gravuras de Mr. McDermott por quadros de Van Gogh e Renoir.
O calor aqui tem sido medonho. Chega a quase 40. Hoje tivemos um break. A temperatura caiu. A noite está deliciosa.
Continuo trabalhando tanto que quando volto para casa o que quero é paz e música. Acho que só poderei tentar escrever no outono, lá no (ilegível), que é um lugar delicioso.
Quarta-feira passada este teu amigo apareceu num programa de TV. Achei mais fácil e agradável que ficar na frente dum microfone de rádio.
Dia 30 deste vou ao México. Tenho duas conferências marcadas para a Filadélfia, uma para Wilmington, Delaware e outra para Washington. Tenho de escrever um artigo para uma revista de Paris.
Washington é pobre em matéria de livros estrangeiros. As duas principais livrarias no gênero –Brentano's e Whyte's– têm menos stock que a tua. Em Washington, meu velho!
Este outono teremos bons concertos. Tenho visto bom teatro aqui.
Que me contas da tua vida?
Escreve.
Lembranças para d. Nina e para a sra. tua sogra.
Quando vires o Rasgado mostra-lhe esta carta e dá-lhe um abraço meu.
Até breve!
Um saudoso abraço do
Erico

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