São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995
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O ANO VERISSIMO

DA REDAÇÃO

Inéditas no Brasil, serão editadas as aulas de literatura dadas nos EUA pelo escritor, morto há 20 anos
1995 é o ano Erico Verissimo. Duas datas –os 90 anos de seu nascimento e os 20 de sua morte– motivam uma série de eventos em sua homenagem, a partir do Rio Grande do Sul, estado onde nasceu o autor de "Incidente em Antares".
O principal deles ocorrerá em setembro, com a edição, pela primeira vez no Brasil, de "Brazilian Literature: An Outline" (Literatura Brasileira: Um Esboço), publicado nos Estados Unidos em 1945. O livro traz as aulas que Verissimo deu nos EUA.
A Folha antecipa-se às comemorações e publica com exclusividade no "Mais!" cartas recebidas por Verissimo dos escritores Monteiro Lobato, Lucio Cardoso, Guimarães Rosa, Jorge de Lima e John dos Passos.
As cartas fazem parte do Acervo Literário Erico Verissimo –coordenado pela professora Maria da Glória Bordini–, um conjunto de cerca de 10 mil itens, com grande número de documentos inéditos, inclusive os cadernos de notas de um romance nunca publicado, "A Hora do Sétimo Anjo". Doze pesquisadores atuam no trabalho de catalogação, que está ligado ao curso de pós-graduação em letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), sob a responsabilidade da professora Regina Zilberman.
A edição das cartas ainda não está nos projetos do acervo, que fica na própria casa de Erico Verissimo em Porto Alegre, onde mora até hoje sua mulher, Mafalda.
As homenagens ao escritor em Porto Alegre começam em abril, com o lançamento da coletânea de ensaios "Criação Literária em Erico Verissimo". Em novembro, será realizado um seminário internacional na PUCRS sobre a obra do autor. Exposições fotográficas e de originais estão sendo organizadas. Estava previsto para este mês o lançamento na Coréia do Sul do primeiro volume de "O Tempo e o Vento".
Paralelamente às homenagens a Erico Verissimo, acontece a comemoração dos 60 anos da imigração para Porto Alegre do intelectual alemão Herbert Caro, um dos maiores amigos do escritor. Crítico de literatura, música e artes plásticas, foi também o tradutor para o português de Thomas Mann, Herman Broch e Herman Hesse. De seu acervo, a Folha publica duas cartas inéditas enviadas pelo escritor Elias Canetti, de quem Caro traduziu "Auto da Fé".
A comemoração permite reavaliar a contribuição de Caro, figura menos conhecida embora fundamental, do grupo de intelectuais europeus imigrados para o Brasil às vésperas da Segunda Guerra, composto por nomes como Otto Maria Carpeaux, Paulo Rónai e Anatol Rosenfeld.
As homenagens a Erico Verissimo propiciam a rediscussão de seu lugar na literatura brasileira. Escritor de enorme alcance popular –"Olhai os Lírios do Campo" vendeu 62.000 exemplares na época de seu lançamento, em 1938–, Verissimo soube conciliar o sucesso com a erudição, a pesquisa literária e a responsabilidade ética, realizando uma das mais completas obras da ficção brasileira deste século.

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