São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995 |
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COMO ESTÁ O PROCESSO DE PAZ Precondições – A crise do bloco socialista, no final dos anos 80, se reflete na decadência das ideologias pan-arabistas e se fortalece o pragmatismo nacional (progressos regionais passam a ser mais importantes do que objetivos históricos de construir uma só nação árabe). – Com o fim da Guerra Fria, os grupos mais radicais perdem apoio soviético e governos árabes perdem esperança de solução militar para o conflito com Israel, sendo levados ao jogo político. – EUA e Europa ocidental transformam-se, de inimigos, em possíveis fontes de financiamento. Guerra do Golfo – A guerra contra o Iraque (janeiro-fevereiro de 91) catalisa o processo, com os EUA lutando lado a lado com países árabes contra outro país árabe. – Parte do pacto da coalizão era um acordo tácito de que a questão palestina seria encaminhada depois da liberação do Kuait, no contexto das resoluções 242 e 338 da ONU (que estabelecem troca de terras ocupadas por paz) – Depois da guerra, a pressão internacional levou Israel e vizinhos árabes à Conferência de Madri (outubro de 91). Palestinos – Em 92, os trabalhistas ganham a eleição em Israel prometendo romper impasses na paz. – A OLP de Iasser Arafat (isolada internacionalmente por ter apoiado o Iraque, em crise financeira por ter perdido ajuda da Arábia Saudita e países do Golfo e perdendo terreno para o grupo radical islâmico Hamas nos territórios ocupados) percebe que perdia oportunidade histórica e estabelece diálogo secreto paralelo com Israel, em Oslo (Noruega). – Em setembro de 93, o premiê israelense, Yitzhak Rabin, e o líder da OLP, Iasser Arafat, assinam acordo de paz nos EUA. – O acordo, chamado de Gaza-Jericó Primeiro, estabelece autonomia palestina na faixa de Gaza e numa área em volta da cidade de Jericó, na Cisjordânia. A área de autonomia na Cisjordânia deve ser estendida num prazo de cinco anos, sendo que a partir do terceiro começam as discussões sobre o status permanente dos territórios. Jordânia – Depois da OLP, segue acordo de paz com a Jordânia. O país praticamente não tinha conflito com Israel. Em outubro de 94 o rei Hussein e o premiê Rabin selam a paz. Em dezembro, Israel e Jordânia trocam embaixadas. Síria – O diálogo mais emperrado para Israel é com a Síria. O governo sírio exige, antes de qualquer negociação efetiva, a devolução integral do Golã, conquistado por Israel na guerra de 1967. Israel só aceita devolver parte do Golã, em etapas, conforme avançar a normalização de relações com a Síria. - O Golã é um altiplano estratégico. De 1948 a 1967, tropas sírias costumavam bombardear povoados no norte de Israel. Hoje, tanques israelenses se posicionam a cerca de 40 minutos de Damasco, a capital síria. Além disso, a partir de lá se pode controlar cerca de 30% do abastecimento de água do Estado judaico. Líbano – O Líbano exige que Israel desocupe a faixa de até 12 km de profundidade no sul de seu território. Israel diz não ter pretensão territorial, mas que só retira tropas quando o governo libanês for capaz de impedir ataques da guerrilha islâmica Hizbollah ao norte israelense. O conflito é visto como apêndice da questão síria, que mantém mais de 30 mil soldados no país e praticamente dita a política libanesa. Texto Anterior: GLOSSÁRIO Índice |
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