São Paulo, domingo, 1 de janeiro de 1995 |
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Livro questiona investigação
SÔNIA MOSSRI
Essa é a indagação que os jornalistas Jorge Lanata e Joe Goldman tentam responder no livro "Cortinas de Humo" ou "Cortina de Fumaça" (Planeta, 217 págs., US$ 18,00) depois de quatro meses de investigação. Em 17 de março de 1992, uma bomba explodiu na Embaixada de Israel em Buenos Aires, depois de o governo norte-americano ter declarado que o aeroporto internacional de Ezeiza não tinha condições mínimas de segurança. Dois anos depois, em 18 de julho de 1994, um atentado à sede da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina) provoca a morte de 86 pessoas. Semanas antes, o governo argentino havia sido alertado pelo Mossad (serviço secreto israelense) e pelo FBI para a possibilidade de um ato terrorista no país. A Polícia Federal argentina, por exemplo, não revistou todos os terraços ao redor da sede da Amia. Deteve um garoto de apenas 9 anos como suspeito. Um simples "dedo gordo" encontrado num apartamento já foi suficiente para a Polícia anunciar a tese de um motorista suicida. Um dos principais capítulos do livro é a "conexão síria" - vínculos do governo argentino com o traficante sírio de armas e drogas Mozar Al Kassar. Kassar conheceu o presidente Carlos Menem em 1988, em Damasco. Na ocasião, Menem já discutia com o presidente Hafez al Assad a famosa contribuição síria para a sua campanha presidencial, em 1989. Graças a interferência do presidente, afirma os autores, em 1990 Al Kassar obteve um passaporte argentino às pressas. Dois anos depois, Al Kassar apareceu envolvido num escândalo de lavagem de narcodólares com a cunhada de Menem, Amira Yoma. Coincidentemente, dez dias depois do atentado à Amia, Al Kassar, acusado de tráfico de drogas, deixou "furtivamente" o país, segundo denúncia do Departamento de Migrações. Germán Móldes, funcionário da Justiça Federal, estaria envolvido na saída de Kassar do país. O governo argentino insiste que os explosivos do atentado à Amia entraram no país clandestinamente, pela mala diplomática do Irã. Lanata e Goldman demonstram a facilidade de adquirir no mercado argentino explosivos de alta potência, linha que não consta das investigações oficiais. Outra tese do governo questionada é a atribuição do atentado à Amia ao grupo radical xiita Hizbollah. Entre os argumentos estão: seria o primeiro atentado na América; e não houve reivindicação pelo grupo terrorista, que sempre o faz. 'Cortina de Humo' relata "o trabalho medíocre da Side, um grupo que se converteu num Estado dentro do Estado" e se baseia em "pistas falsas, investigações sinuosas e respostas esquivas". Texto Anterior: PC chinês perde razão de ser Próximo Texto: Vietnam News; People's Daily; The Washington Post; Navy News Índice |
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