São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995
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Vice retoma metas de Tancredo

EUMANO SILVA; FLÁVIA LEON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O vice-presidente Marco Maciel tomou posse ontem decidido a consolidar os objetivos da Aliança Democrática, que em 1985 elegeu Tancredo Neves presidente da República.
"Quando elegemos Tancredo, nosso objetivo era democratizar e desenvolver o Brasil. A democracia hoje é sólida, mas ainda falta a economia crescer, com justiça social", afirmou Maciel.
A Aliança Democrática era formada pelo PMDB e pelos dissidentes do PDS que, mais tarde, fundariam o PFL.
Escolhido pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para coordenar as reformas constitucionais, Maciel disse que o governo FHC tem hoje uma maioria parlamentar "mais sólida" do que teve José Sarney quando assumiu o cargo no lugar de Tancredo.
"Tancredo precisou negociar sua eleição com o Congresso por causa do Colégio Eleitoral. Agora, o programa de governo foi aprovado nas urnas", disse Maciel.
A declaração de Maciel foi feita durante entrevista concedida ontem pela manhã em seu apartamento na Asa Sul de Brasília, onde passou a noite de ano novo em companhia da família.
Este foi o primeiro réveillon de Maciel em Brasília. Os anteriores ele sempre passou em Pernambuco, na casa de seus pais.
Nos últimos momentos antes da posse, Maciel demonstrava tranquilidade. Ele próprio afirmou que ficou mais nervoso no dia do casamento de uma filha do que com a proximidade da posse.
A calma do vice pode ser explicada pela quantidade de cargos públicos que já ocupou. Ele foi secretário de Estado, deputado federal, senador, governador e ministro do governo Sarney.
O vice-presidente passou as últimas horas antes da posse em sua casa. Antes, sua última atividade foi comparecer a uma missa na paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na quadra 913 da Asa Sul de Brasília, na noite de sábado.
Maciel foi à missa acompanhado da mulher, Anna Maria, da filha Cristiane e dos pais José do Rego Maciel e Carmem. Durante a cerimônia, Maciel deu uma contribuição de R$ 10,00 para a igreja.
O frei Lamberto Lamboy deu a bênção a Maciel no final da missa em uma sala reservada. O vice não quis ser fotografado recebendo a bênção.
A mãe de Maciel não escondia na igreja sua alegria em ver o filho vice-presidente da República. "Ele sempre foi muito esforçado. Estudou muito e trabalhou tanto que ficou magro como é", disse dona Carmem.
Maciel foi à posse com um terno cinza-escuro feito por seu alfaiate, Bruno Perrelli, que é de Recife e faz roupas para ele há 20 anos. O modelo é simples, de dois botões.
Nos dois últimos dias, Maciel recebeu vários telefonemas de amigos que queriam cumprimentá-lo pela posse. Um desses amigos foi o ex-presidente Ernesto Geisel, que indicou Maciel para governador biônico de Pernambuco no período de 1979 a 1983.
Geisel pediu que Maciel transmitisse a FHC seus sentimentos de que ele faça um bom governo nos próximos quatro anos.
O chefe de gabinete de Maciel será Roberto Parreira, 50, carioca, advogado, professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ex-presidente da Funtevê, da Funarte e da Embrafilme. Foi subchefe de gabinete da Casa Civil na gestão de Maciel no governo Sarney.

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