São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995
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Brasil e EUA têm reunião sobre drogas

FERNANDO RODRIGUES; MÁRCIA MARQUES
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

MÁRCIA MARQUES
Os ministros da Justiça Nelson Jobim (Brasil) e Janet Reno (EUA) acertaram ontem que os dois países terão, em 15 dias, uma reunião para discutir o tráfico e o consumo de drogas.
A reunião foi acertada durante um encontro de 50 minutos entre Jobim e Reno. A norte-americana quis saber detalhes sobre a intenção do brasileiro de descriminar o uso de drogas no país, conforme revelou a Folha semana passada.
Nos EUA, os usuários de drogas têm a opção de se submeter a uma recuperação compulsória do vício. "Eu mostrei à ministra que temos diferenças no sistema judiciário. No Brasil não há mecanismo de barganha", declarou Jobim.
Participarão da reunião daqui a 15 dias representantes do Ministério da Justiça brasileiro e integrantes da embaixada dos EUA. "Vamos examinar a experiência americana", disse Jobim.
Cerimônia esvaziada
O encontro entre Jobim e Reno foi o ponto alto da agenda das autoridades estrangeiras que compareceram à posse de Fernando Henrique Cardoso. A cerimônia ficou esvaziada por causa da data –o feriado de 1º de janeiro.
Embora 114 países tenham enviado representantes para a cerimônia, a maioria foi composta por funcionários de segundo e até de terceiro escalão.
Apesar de ter sua presença confirmada sexta-feira, o presidente cubano, Fidel Castro, desistiu de vir ao Brasil. Cuba foi representada pelo presidente da Assembléia Popular, Ricardo Alarcon.
Com a desistência de Castro, ficou reduzido para dez o número de países que mandaram seus chefes de Estado para a posse: Carlos Menem (Argentina); Luis Alberto Lacalle (Uruguai); Juan Carlos Wasmosy (Paraguai); Eduardo Frei (Chile); Alberto Fujimori (Peru); Gonzalo Sánchez de Lozada (Bolívia); Ernesto Samper Pizano (Colômbia); Sixto Durán Bellén (Equador); Mário Soares (Portugal); Antonio Mascarenhas Monteiro (Cabo Verde).
O Produto Interno Bruto (PIB, soma de tudo o que é produzido em um ano) conjunto desses dez países que enviaram chefes de Estado para cerimônia é de US$ 274 bilhões. Isso equivale a 66,69% do PIB brasileiro, em valores de 92.
Às 10h45 de hoje os presidentes dos países que integram o Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e do Chile e Bolívia, reúnem-se no Planalto para discutir como será a participação dos dois últimos no novo mercado.
Ontem foi o primeiro dia de funcionamento do Mercosul. O presidente Lacalle, disse que na passagem do ano as pessoas deveriam se desejar "feliz Mercosul".
Há resistências à participação do Chile no Mercosul. O presidente Menem disse que esta integração é apenas uma possibilidade. "O que vamos tratar de desenhar é uma zona de livre comércio entre o Mercosul e o Chile e Bolívia."
O presidente Eduardo Frei disse que seu país já tomou a decisão política de integrar o Mercosul.
Ontem à tarde, o embaixador brasileiro no Chile, Guilherme Leite Ribeiro, confirmou que a primeira viagem oficial de FHC a um país estrangeiro será para o Chile, provavelmente em março. FHC exilou-se no Chile na década de 60, durante o regime militar.

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