São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995
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Teve até hino nacional na virada do ano

VINICIUS TORRES FREIRE
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Teve hino nacional na passagem do ano e muita fila, mas faltou lentilha nas festas de réveillon que reuniram amigos de Fernando Henrique Cardoso e parte do primeiro escalão do novo governo.
Os amigos mais próximos, como o crítico literário Roberto Schwarz e o historiador Boris Fausto, permaneceram na festa "família" do Kubitschek Plaza.
O réveillon do hotel Kubitschek reuniu o convescote tucano organizado por Maria Helena Gregori e José Gregori –chefe de gabinete do ministério da Justiça e vizinho de FHC em Ibiúna (SP).
Amigos e agregados próximos mais "descolados" fizeram o circuito das festas mais badaladas da noite (leia texto à página 16).
Jorge Cunha Lima –ex-secretário da cultura de Montoro e cotado para um cargo no governo tucano de São Paulo–, convidado para o Kubitschek, saiu do hotel. Passou com o livreiro Correa do Lago na festa da nova cúpula do Itamaraty.
Na casa à beira do Lago Sul estavam o chanceler Luis Felipe Lampréia, embaixadores de grandes capitais, o cientista político Bolívar Lamounier, Tônia Carrero e muitos charutos.
Saíram antes da meia-noite para a festa mais discretamente badalada da noite, na casa da embaixadora Vera Pedrosa.
A festa do Kubitschek concentrou amigos e amigos ministros. Os convidados cumpriram a recomendação de FHC de manter o "low-profile" (discrição) no comportamento, mas o nível das reclamações foi alto.
Por volta das 23h30, uma fila de 45 pessoas esperava para entrar no restaurante do hotel, onde seria realizada a festa "Brasil de Cara Nova: o Brasil do Real". O convite –uma reprodução da nota de um real–, custava R$ 80 e dava direito a meia garrafa de champanhe por casal.
Os convidados reclamavam da hiperlotação –diziam faltar cadeiras–, da música –sambinhas e boleros repetidos a cada 15 minutos– e da falta de lentilhas (prato que, diz a lenda, dá sorte e prosperidade no ano novo).
Para completar, por volta da 1h30, duas crianças de cerca de oito anos de idade disputavam um torneio de estouro de balões de ar.
Na fila da festa, Grécia, mulher do crítico Roberto Schwarz, dizia em tom de brincadeira à Folha: "Quer saber o que está acontecendo aqui na festa? Bagunça". Schwarz votou no PT. Foi aluno e é dos melhores amigos de FHC.
Na festa, a animação foi pequena –pouca gente dançava e, à medida em que o espaço permitia, pequenos grupos se dividiam.
A turma do convescote tucano era composta de pessoas que trabalharam na campanha em São Paulo e amigos da universidade. Roberto Muylaert, secretário nacional de Comunicação Social, parecia entediado. Saiu às 2h.
O cientista político Leôncio Martins Rodrigues, Luis Carlos Bresser Pereira, ministro da secretaria da Administração Federal, e Pedro Paulo Poppovic também foram ao "Brasil de Cara Nova".
Antes e depois das festas, a convivência dos grupos criou cenas esquisitas e saias-justas.
No almoço do dia primeiro, Bresser olhava incomodado e espantado à cena protagonizada por hóspedes indianos. Um casal comia, sentado à mesa, o que não foi permitido a um assessor. Comia de pé, com as mãos.
O empresário Paulo Cunha, do grupo Ultra, opositor da política de abertura econômica tal como executada pela atual equipe econômica, foi esquecido na lista do jantar da posse do Itamaraty.
Ele teria brigado pela nomeação de José Serra pelo governo. Entrou na festa do Itamaraty pelas mãos da filha do novo ministro do Planejamento, Verônica Serra.

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