São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Na meca dos restaurantes, lazer supera a gastronomia

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

O atendimento, antes mesmo que o preço acessível, se tornou o ponto crítico para os frequentadores de restaurantes em São Paulo.
Esse quesito recebeu expressivos 61% de menções em uma pesquisa sobre as razões que levam o consumidor a optar por determinado restaurante.
Uma vez que a qualidade da comida é pré-requisito para quem está no negócio de alimentação, o atendimento se tornou o fator chave de sucesso.
Um estudo da consultoria Gouvêa de Souza & MD constatou que a qualidade dos serviços parece não ser atualmente o prato forte dos restaurantes.
Quase a metade de uma amostra que reuniu 200 frequentadores considerados habituais (59% dos entrevistados disseram ir ao restaurante uma vez por semana) aponta a "cordialidade dos garçons" como o item decisivo na escolha de um restaurante –acima dos 23% de citações dadas aos "preços acessíveis".
Os gastos com alimentação fora do domicílio dos brasileiros são estimados em US$ 16,5 bilhões anuais –a classe média contribui nesta fatia com US$ 7,2 bilhões e reserva 9,8% do orçamento doméstico para essa atividade.
As redes de fast-food movimentam acima de US$ 1 bilhão e vêm se expandindo graças à explosão dos shopping centers e suas "praças de alimentação".
Em termos de preferência, as tradicionais cantinas resistem: foram apontadas por 39% dos entrevistados na pesquisa, seguidas pelas churrascarias (14%). A média de gastos por refeição alcança US$ 9,60.

Lazer e trabalho
O levantamento realizado pela Gouvêa de Souza & MD suscitou algumas observações curiosas:
São Paulo é considerada a "meca" de bares e restaurantes, mas não é propriamente a comida que atrai a maioria às mesas. Assuntos de trabalho e negócios ou simplesmente uma boa conversa entre amigos se misturam aos molhos e carnes.
Comer e beber são atividades que demandam espaços distintos. Bebe-se em bares e come-se em restaurantes.
O perfil dos clientes foi apontado por 58% dos entrevistados como o principal critério para a escolha de um bar contra apenas 19% de menções, no caso dos restaurantes. A música ambiente vem em segundo lugar, junto com a variedade de bebidas.
Há uma nítida divisão de bares frequentados por tribos de jovens solteiros dos especializados em "happy hours", que atraem colegas de trabalho e são procurados em locais próximos do escritório.
A preferência das jovens solteiras não se restringe exclusivamente aos bares. Discotecas e lanchonetes são programas bem-vindos para elas.
Barzinhos, constatou a pesquisa, não fazem parte do universo de lazer dos casados.
Os ingredientes mercadológicos desse segmento diferem dos restaurantes, exceto pelo fato de que ambos são promovidos por mídia impressa –anúncios em roteiros veiculados em jornais e revistas– e indicações pessoais.
São mais valorizados os bares capazes de se transformar em autênticos pontos de encontro e "ferveção".
Aglomerações na porta, com clientes de copo à mão, pesam a favor da marca –"o pessoal gosta de ficar curtindo na fila", declarou um entrevistado.
Na amostra pesquisada pela consultoria, a preferência dos frequentadores de bares e restaurantes recaiu sobre os estabelecimentos localizados em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, seguido por Higienópolis (região central) e Jardins (oeste).

Texto Anterior: CCE lança lavadoras de roupas no início do ano
Próximo Texto: Acreditando, mas com um pé atrás
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.