São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995
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Autores indicam lista dos melhores livros para o ócio

DA REPORTAGEM LOCAL

O escritor Antônio Callado, 77, acha que todo adolescente deve ler "Ulysses", o clássico do irlandês James Joyce. Pode ser difícil, é verdade, mas Callado, autor de "Quarup", considera o livro indispensável.
A história de Leopold Bloom, que em um dia revive a odisséia grega de Ulysses, narrado no estilo tortuoso e revolucionário de Joyce, está longe da definição de "literatura juvenil". Mas quem disse que adolescente precisa ler histórias sobre adolescentes?
Sete escritores brasileiros fizeram, a pedido da Folha, a sua lista de indicações de leituras para as férias (veja ao lado).
Há vários clássicos, como "Viagens de Gulliver" (você já deve ter visto a história do navegador que chega a uma terra misteriosa, de homens pequenininhos; pois é, ele é Gulliver), apontado por Marcos Rey. Esse tipo de livro está longe das listas dos mais vendidos, mas são referências obrigatórias.
A febre dos "cânones" (expressão emprestada do vocabulário religioso, que define a lista de livros considerados "inspirados" de uma cultura) começou em agosto deste ano.
Nesta época, o crítico literário norte-americano Harold Bloom, 64, lançou o livro "The Western Canon" ("O Cânone Ocidental"), que lista os 850 autores mais importantes da cultura ocidental (na opinião de Bloom, claro). O único brasileiro é Carlos Drummond de Andrade.
O próprio Bloom, na época, considerou que faltavam brasileiros entre os escolhidos –Machado de Assis e Guimarães Rosa, por exemplo, ambos citados na lista da Folha.
Entre os autores de língua portuguesa, foram citados por Bloom também Fernando Pessoa (este no time dos 26 autores fundamentais de todos os tempos).
Na lista publicada ao lado, há 21 autores de língua portuguesa (a seleção vai do romântico José de Alencar ao poeta "alternativo" Chacal). Os estrangeiros ganham por pouco: são 23 (desde o rei Salomão, escolhido por Moacyr Scliar, até a dupla Aidan Macfarlene e Anna Mc Pherson, de Rubens Figueiredo).
Ao juntar todas as listas, há livros para todos os gostos. E prováveis polêmicas sobre autores que foram deixados de lado. Paciência. Descontentes têm liberdade para criar o seu cânone.

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