São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995
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Tom Petty enfatiza som acústico em trabalho solo

LUIZ ANTÔNIO RYFF
DA REPORTAGEM LOCAL

O discípulo de Bob Dylan está de volta. O guitarrista Tom Petty lança seu segundo disco solo, o quase inteiramente acústico "Wild Flowers".
O disco traz alguns rocks embalados por letras melancólicas com ares hippies. As músicas têm um ou outro toque country, reforçado pela modo como o slide é usado.
"Wild Flowers" vem à luz cinco anos depois do sucesso de "Full Moon Fever" (89). O disco mantém o nível alto dos últimos trabalhos. Como "Into the Great Wide Open" (91), com os Heartbreakers.
Na verdade, "Wild Flowers" não é uma ruptura com o trabalho de Petty com os Heartbreakers. Seu principal parceiro, o guitarrista Mike Campbell, está em todos os cantos no disco. Ele toca guitarra, baixo, cravo, slide, cítara e violão. Além de dividir a composição de duas músicas com Petty.
Outros Heartbreakers também batem ponto no projeto solo de Petty: Benmont Tench (teclados) e Howie Epstein (baixo).
Mas quem brilha entre os músicos acompanhantes é o baterista Steve Ferrone. Ele já tocou com meio mundo e pode ser ouvido no último de Brian Ferry ("Mamouna") e no hiperplatinado "unplugged" de Eric Clapton.
Ferrone prima pela sutileza. A bateria se destaca em todas as músicas, apesar da ausência de viradas. Ele não se limita à marcação –como boa parte dos bateristas atuais–, mas puxa o ritmo e dá o andamento da banda. É o caso de "A Higher Place", uma música rápida com boa levada.
O disco abre com a acústica "Wild Flowers". É emblemática. A maiorias das faixas são "desplugadas". Mas não é modismo. Petty já soava assim antes.
Outra acústica é "Don't Fade on Me", com jeito country. Só com dois violões e voz.
Há faixas mais rockers. Como "Cabin Down Below" e "Honey Bee", que começa com uma guitarra distorcida.
"To Find a Friend" traz a participação do ex-Beatle Ringo Starr.
Petty continua lembrando Bob Dylan. Com a vantagem de não cantar pelo nariz.
Apesar do bom nível do disco, um ou outro equívoco foi cometido. É o caso de "House in the Woods", que desperdiça um quarteto de saxofones.
É interessante que Rick Rubin tenha dividido a produção do disco com Petty e Campbell. Afinal, ele ficou conhecido por produzir grupos de metal. No último do Slayer ("Divine Intervention"), por exemplo, ele foi produtor executivo. Felizmente, essa bagagem não transparece no resultado final.
A sonoridade do disco o aproxima dos Travelling Wilburys –reunião de George Harrison, Bob Dylan, Roy Orbinson, Petty e Jeff Lynne. Só que a ausência dos demais faz falta.

Disco: Wild Flowers
Artista: Tom Petty
Gravadora: Warner
Quanto: R$ 18 (o CD, em média)

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