São Paulo, segunda-feira, 2 de janeiro de 1995 |
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Eppur si muove! Afinal, 1994 ficará na história? Ou será, no futuro, apenas mais um ano secundário, perdido entre tantos outros sem brilho ou destaque? A julgar pelas transformações políticas e econômicas em curso, esse terá sido um ano pródigo o suficiente em inflexões para constar, pelo menos, dos livros de história. Na economia, um fenômeno marcante no ano foi a guinada dos juros internacionais. Por seis vezes, os EUA elevaram suas taxas, na última rodada com um salto de 0,75 ponto percentual, uma enormidade para padrões internacionais. No mesmo ano em que se celebram o Nafta e o Mercosul, a crise na economia mexicana que eclodiu no fim de dezembro colocou um ponto de interrogação sobre o rumo dos ajustes latino-americanos. Mais ainda, o crescimento vertiginoso de novos instrumentos financeiros aumentou a interdependência da economia mundial e, com isso, os riscos de ondas de instabilidade. É nesse cenário global que a economia brasileira é lançada no desafio da estabilização. A dinâmica tecnológica e industrial passa também por transformações aceleradas. Redefinem-se as bases da competitividade, cada vez mais dependente de conhecimento e informação. É em meio a esse ambiente que a sociedade brasileira, engessada na miséria e no caos educacional, pretende inserir-se. Do ponto de vista político, não foram menores as revoluções. Antigos conflitos enquadraram-se num regime novo, como o Oriente Médio e a África do Sul, enquanto a guerra étnica prossegue na Europa. A União Européia se expande sem lograr um sistema cambial estável. Nos EUA, a economia cresce, mas o presidente Bill Clinton perde as eleições. Um hiperdéficit comercial fez com que, apesar da alta dos juros, o dólar se desvalorizasse. Turbulências cambiais, financeiras e tecnológicas. Multiplicação de conflitos localizados. Crises de hegemonia. O planeta está razoavelmente conturbado. Mas há sintomas de esforços construtivos. A Rodada Uruguai do Gatt foi afinal concluída. Avançam entendimentos para formação ou renovação de blocos e órgãos multilaterais. Temas como resgate da dívida social, direitos humanos e desenvolvimento sustentado ganham a pauta. Fica ainda assim a dúvida quanto a 1994 entrar para a história. Talvez não acabe afinal como ano de efeméride, mas os de hoje poderão dar testemunho de que na Terra houve importantes mudanças. Próximo Texto: Ver para crer Índice |
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