São Paulo, sábado, 7 de janeiro de 1995
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Saneamento leva BB a fechar 188 agências

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O novo presidente do Banco do Brasil, Paulo César Ximenes, poderá começar o programa de saneamento do banco pelo fechamento de 188 agências.
Os estudos para a extinção das agências já estão concluídos e o fechamento das agências poderá ser implementado a toque de caixa.
Estas agências foram escolhidas para fechamento por uma comissão especial do Ministério da Fazenda no ano passado. A comissão era presidida pelo atual ministro-chefe do Gabinete Civil, Clóvis Carvalho, então secretário-executivo da Fazenda.
Elas não foram fechadas por pressões políticas. Aliados do presidente Fernando Henrique Cardoso, principalmente os ligados ao setor rural, bombardearam a idéia de extinção de agências durante a campanha eleitoral.
Os estudos para a extinção das agências incluem remoção dos funcionários para cidades vizinhas, cancelamento de operações e venda de imóveis.
Todas estas medidas estão detalhadas em documentos à disposição de Ximenes.
As agências a serem fechadas estão todas localizadas em cidades do interior. Há agências deficitárias e outras que serão fechadas por concorrerem com agências da CEF (Caixa Econômica Federal).
O programa de saneamento do Banco do Brasil, entretanto, prevê o fechamento de mais agências. Até o final do ano, cerca de 300 deverão estar fechadas. O BB possui cerca de 5.000 agências no país e no exterior.
A parte mais dura do programa de saneamento ainda não está detalhada: é a cobrança das dívidas em atraso junto ao BB.
No banco, a avaliação é de que a combrança irá gerar desgaste político para o governo, especialmente junto à bancada ruralista do Congresso.
Ximenes, que teve seu nome confirmado para o BB anteontem, será empossado na próxima quarta-feira. Desde ontem, porém, já despacha no banco ao lado do atual presidente, Alcir Calliari.
As 188 agências do BB que podem ser fechadas estão relacionadas num estudo preparado pelo Comif (Comitê de Acompanhamento das Instituições Financeiras Federais).
No geral, estes estudos recomendam o fechamento de 600 agências de bancos federais. Não está descartada a demissão de funcionários.
Economista, Paulo César Ximenes teve sua indicação para a presidência do BB bombardeada pela bancada nordestina de partidos como o PSDB, PFL, PMDB e PTB –partidos que formam a base de sustentação política do governo no Congresso.
Estas bancadas se sentiam desprestigiadas com a montagem do ministério FHC e queriam influir na indicação da presidência do Banco do Brasil.
FHC optou por resistir a estas pressões e confirmar o nome de Ximenes. Mesmo assim, ele sabe que o fechamento destas agências poderá provocar uma reação negativa no Congresso.

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