São Paulo, segunda-feira, 9 de janeiro de 1995
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Setor de calçados de Franca demite 6,23%

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O mau tempo que atinge os exportadores de calçados de Franca desde o início do Plano Real já provocou uma redução de 6,23% no número de empregos da indústria local, de acordo com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
O setor calçadista de Franca demitiu, durante o período, quase dois mil empregados –passou de 26,4 mil trabalhadores para 24,8 mil.
Quase a totalidade das demissões, segundo o Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca, se deve à defasagem cambial.
Com a valorização do real frente ao dólar, hoje entre 14% e 16%, os produtos brasileiros ficaram mais caros e, em alguns casos, deixaram de ser competitivos no mercado internacional.
As exportações de calçados de Franca desabaram de US$ 23 milhões, em julho, para US$ 9,9 milhões, no mês de novembro.
Segundo estimativa do sindicato, as exportações somaram em 94 US$ 205 milhões –11% a menos do que no ano anterior.
"E o desemprego deve aumentar depois do dissídio coletivo em fevereiro, que vai tornar o calçado ainda mais caro", diz Ivânio Batista, diretor da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados.
Mercado Interno
As indústrias de Franca estão procurando reverter a produção que seria exportada para o mercado interno –estimado em 600 milhões de pares por ano.
É o caso da Tropicália Calçados, que até a entrada da nova moeda exportava praticamente toda sua produção. A partir de fevereiro, metade das vendas vão ser destinadas ao mercado interno.
Hoje, de acordo com Paulo Henrique Cintra, sócio da empresa, as exportações não chegam a 30 mil pares de calçados por mês, menos de 50% do que era exportado em julho.
Com isso, o número de funcionários precisou ser reduzido de 530, em julho, para 350 empregados que trabalham atualmente na empresa.
Para Cintra, que também é presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Franca, a saída para continuar exportando é a especialização em um tipo de produto mais sofisticado.
A queda nas exportações foi compensada em parte pelo aquecimento das vendas internas, a partir do segundo semestre.

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